quinta-feira, 29 de abril de 2010

Concurso Nacional chegando

O Concurso Nacional que vai acontecer em Porto Alegre no início de junho. Com três categorias (Oktoberfest, Brown Porter e Imperial IPA) abertas, optamos pela Porter. Já comentamos sobre ela anteriormente, e tem uma foto que dá água na boca. Aprovada por dois membros da Acerva Mineira (já que o Eduardo Sardinha é pluri-estadual, vive entre SP, RJ e MG) que experimentaram neste fim de semana, ela está pronta para ser enviada. Já estamos inscritos no Concurso, falta só a caixa e plástico bolha!

Optamos por uma Porter bem leve, vamos ver se os juízes gostam... No outro vamos fazer uma nova leva da escurinha, mas desta vez vamos pegar pesado, sem medo de ser feliz. Quem sabe não vai um pó de café moído na hora nela no envase para fechar com chave de ouro?


Torçam pela gente...
abraços

quarta-feira, 21 de abril de 2010

IPA - Uma brassagem histórica

Domingo, final de campeonato carioca, nada melhor do que juntar todo mundo em casa para uma farra. Ainda mais fazendo a brassagem de uma India Pale Ale, e bebendo muitas outras, claro. Assim foi passado o último domingo, correndo da sala para a cozinha. Compareceram vários amigos, namoradas, além do time de cervejeiros.

Escolhemos este estilo depois de 3 levas produzindo Pale Ales, tendo bastante sucesso na última produção. Então, partimos para a irmã mais amarga, a IPA. Optamos por fazer uma receita completamente diferente para ver no que dá.

O dia começou com os procedimentos iniciais: moagem, higienização de panelas. Desta vez contamos com o estagiário Daniel, que ficou com as tarefas mais ingratas, como lavar todas as garrafas para leva anterior que seria envasada. O Daniel é um grande amigo muito querido e sua presença desde o início agilizou bastante, além de nos proporcionar momentos de grande alegria, como na foto abaixo. Reparem a emoção da criança no primeiro contato com o malte! Não é para menos, afinal ele também é um fanático apreciador de cerveja.


Para a produção da IPA, utilizamos:

5,5 kg malte Pilsen
1/2 kg Melanoidina
1/2 kg Carared
1/2 kg Caraamber

Foram 100 minutos a 66 graus e depois a lavagem do mosto. Feito isso, partimos para a fervura durante 90 minutos, desta vez utilizando a técnica de "continuous hopping", ou seja, colocando lúpulo continuamente a cada 5 minutos. Outra experiência foi a salada de tipos de lúpulos, de modo que chegasse a uma média de IBUs entre 50 e 55. Eles foram:

12g Galena a 60" do final da fervura
3g Nugget entre 55" e 35" (a cada 5 minutos)
9g Cascade a 30"
3g Saaz entre 25" e 0"
2g wirlfloc a 5"

Após o resfriamento, tascamos um envelope de fermento S-04, o mesmo usado nas levas anteriores de Pale Ale. Agora, a idéia é fermentar por cerca de 5 a 7 dias e depois maturar ao menos uns 15 dias.

DESAFIO SKOL x WÄLS

Como sempre, a produção não foi feita apenas a base de água. Iniciamos o dia já com uma experiência interessante: comparar uma pilsen artesanal e uma produzida em larga escala. A foto já mostra bem como elas são diferentes. A Wäls Pilsen X é mais escura, mais para uma coloração dourada. Já a desafiante do dia, a brava Skol, fez feio. Sua cor amarela deixou evidente diferença de qualidade. De gosto, enquanto a pilsen é saborosa e com um leve gosto de lúpulo, a american lager se mostrou doce, sem graça e nada de lúpulo. O aroma lupulado ficou marcante na Wäls, e na Skol não tem cheiro de nada.

Depois disso, foram as mais variadas marcas e diferentes estilos. Heinekens, Paulaners, Erdinger e as nossas artesanais entraram na roda. Como sempre, nossa Pale Ale fez sucesso, e a Brown Porter também fez bonito. Está cada vez melhor, claro!


No final do dia, envasamos nossa leva de Hefeweizen com 8g/L no primming. O Guilherme e o Eduardo se encarregaram disto e tudo foi devidamente registrado nas fotos acima. Aliás, o quarto mosqueteiro voltou! Depois de um longo exilo, Guilherme reaparece, mostra a cara Mister M.! Agora, é esperar cerca de 15 dias para nos deliciarmos. A coloração estava linda, já deu água na boca...


Não podíamos deixar de postar uma foto da galera que esteve presente e fez deste dia tão especial. Abaixo, segue a foto com os seguintes meliantes, da esquerda para a direita: Ricardinho (HEXA), Bernardo (botafoguense enrustido com a camisa da Juv), o estagiário do dia Daniel (HEXA), Lobão (Homini Lupus), Eduardo Sardinha (sentado envasando), Thay (patroa do Lobo) e Eduardo Melo (HEXA).

Abaixo, está um vídeo que resume bem o que foi este dia: muita alegria, zoação e cerveja. O Ricardinho quis mostrar que também faz o milagre da cerveja!



Um grande abraço a todos e até a próxima!

Moinho a disco e furadeiras

Este é primeiro post que fazemos especificamente sobre os equipamentos usados para a produção de cervejas artesanais. Nesta seção do blog, vamos conversar sobre moinhos, panelas, fogareiros, fermentadores, válvulas, enfim, tudo aquilo que usamos para transformar malte, água, lúpulo e fermento nas nossas deliciosas crias.

Que tal, então, começar pela moagem do malte? Acordamos logo cedo para começar o ritual. Sacamos nossos caldeirões, enchemos de água e colocamos para esquentar. A água não pode ficar a uma temperatura muito elevada, então temos que moer o malte rapidinho.

Há muitas formas de moer o malte, mas a maioria dos cervejeiros artesanais começa com um moinho a disco. Na foto aí ao lado podemos ver um exemplar. Este é um equipamento muito comum até mesmo nos lares em que não há a alegria cervejeira artesanal, pois é simples, barato e ajustável a propósitos diversos.

Para operá-lo, basta colocar o que se deseja moer na abertura da parte superior e girar a manivela. O produto moído sai por baixo, simples e fácil assim. Isso pode ser suficiente para moer o ingrediente da fabulosa receita da vovó, mas quando o equipamento é utilizado para na moagem do malte, algumas peculiaridades tornam as coisas um pouco mais complicadas.

Antes de mais nada, temos dar a atenção devida à regulagem do moinho. Desta forma, define-se quão próximos os discos dentados estão e, portanto, quão fina será a moagem. É importante regular de maneira que os grãos quebrem, mas não esfarelem. Esta etapa é crítica, pois se erramos aqui, não teremos os açúcares necessários para uma etapa posterior, a fermentação. Além disso, não teremos a densidade esperada para o estilo que desejamos produzir. Mas isto é papo para outro post...

Com o moinho devidamente regulado, começamos a colocar o malte e moer. A quantidade a ser moída pode ser colossal dependendo da quantidade de cerveja a ser produzida e de qual estilo. Ficaríamos horas rodando a maldita manivela, mas a modernidade e a criatividade dos cervejeiros nos dão uma agilidade fenomenal nesta etapa. Vamos então à gambiarra, armeng, improviso…

Se, no lugar de rodar a manivela, tivéssemos um motor de giro rápido e torque suficiente, seria maravilhoso. Não nos cansaríamos tanto e seria MUITO mais rápido. E a grande maioria das casas tem um, graças a Deus (não confunda com a cerva dos milionários)! Uma furadeira resolve a parada, aquela mesmo que usamos para furar a parede e prender os quadros.


Com esta idéia, basta acoplar a furaderia ao moinho e partir para o abraço. Isto pode ser feito com um parafuso com forma de gancho na ponta. A parte da rosca fica presa na furadeira e o gancho no moinho, onde engataríamos a infame manivela. Este “parafuso” que aparece na foto acima é bastante usado nas casas para prender as cordas dos varais nas paredes ou aquela samambaia no quintal. Em breve, a venda em uma casa de ferragens próxima de você.


Se usarmos apenas um parafuso-gancho na furadeira, poderemos ter alguns problemas. Como o gancho tem uma parte aberta, a rotação fica com uma parte em falso. Assim, ocorrem impactos no giro que podem levar a torção do gancho, quebra, além de ficar desencaixando toda hora. Resolvemos isso usando dois ganchos, fechando um círculo completo como pode ser visto nas fotos. Colocamos um de frente para o outro no moinho de forma a fechar o círculo e depois prendemos a furadeira. Fica fácil de moer vários quilos de malte em poucos minutos, e aquela água ainda não passou nem dos 45 graus. Tudo bem fixado, basta colocar a furadeira na tomada e colocar para funcionar. Com um saco na parte inferior do moinho, o malte moído já cai em um recipiente que depois vai para a panela.

Um abraço e até a próxima conversa sobre nossas gambiarras caseiras!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Imagem não é tudo, sede muito menos

Depois de uma semana, foi encerrada nossa primeira pesquisa do Blog. Vamos aos resultados:


Heineken 2 (11%)
Antartica 0 (0%)
Brahma 1 (5%)
Therezópolis 3 (16%)
Eisenbahn 1 (5%)
Wals 3 (16%)
Itaipava 1 (5%)
Nova Schin 1 (5%)
Devassa 0 (0%)
Skol 1 (5%)
Bohemia 2 (11%)
Antártica Original 1 (5%)
Baden Baden 0 (0%)
Cerpa 1 (5%)
Kaiser 0 (0%)
Outras 0 (0%)
A que eu faço 1 (5%)

Esta aqui é uma comunidade mista, digamos, que tem cervejeiros caseiros e interessados em cerveja em geral sem muito conhecimento. Então, o objetivo desta pesquisa era justamente chamar atenção para a força do marketing e das marcas sobre a qualidade. E, por isso, colocamos marcas de qualidades bem diferentes. O resultado foi dentro do esperado, uma grande variedade de marcas escolhidas.

O que é importante ser destacado aqui é a diferença entre as cervejas pilsen. Ao pé da letra, uma Skol, Itaipava ou Kaiser não está na categoria pilsen, mas seria enquadrada como uma american lager, ou ainda american light lager. Por que? Uma cerveja pilsen deve ser feita quase na sua totalidade com malte pilsen e ser feita exclusivamente com malte de cevada. Ela tem uma certa dose de amargor, com leveza e a refrescância. No fim das contas, essas marcas atendendem somente a uma parte, que seria de ser leve e refrescar.

Então, enquanto cervejas de marcas como Walls, Eisenbanh, Terezópolis e Heineken, entre outra, são puro malte (ou seja, são 100% malte de cevada), cervejas como Skol, Bohemia e Nova Schin trazem milho e arroz em sua receitas. Isso, com a justificativa de que cerveja tem que ser leve e o mais clara possível. Mas quem disse isso? A própria propaganda de massa das cervejarias. Ou seja, ela te convence de que o melhor para você é justamente o que é melhor para ela, e o pior, isso tornou-se uma verdade.

Mas por que eles são tão maus assim? Na verdade, é bom para todo mundo, pois a cerveja quanto mais leve e fraca mais pode ser bebida em grandes quantidade. Ao mesmo tempo, ao colocar milho e arroz na produção para a bebida ficar mais leve, o custo de produção fica menor e o preço final também fica menor. Então, olha que maravilha: a cerveja pode ser bebida em maior quantidade e por um preço menor. Bom isso, não?

Seria muito fácil dizer simplesmente que não, mas existe um grande público que vai responder que sim, e a verdade é que a melhor resposta para eles é SIM! Agora, para quem busca qualidade, um redondo NÃO deve ser dito. O sabor fica muito prejudicado depois de tanta alteração na forma tradicional de fazer cerveja. Isso sem falar na utilização de extratos e malte e lúpulo ao invés de usar a matéria prima de verdade. O que é melhor, a lasanha feita com todo cuidado pela vó, pela mãe ou a fabricada "artesanalmente" pela Sadia?

E tem mais uma maldade desta questão má qualidade disfarçada: a história da melhor cerveja ser a mais gelada possível. Ela precisa ser muito gelada porque seu gosto é ruim, tem muitas imperfeições e as baixas temperaturas fazem com que estes sabores não sejam percebidos. Façam um experiência, provem uma Skol quente e uma Therezópolis quente. A diferença entre as duas vai acentuar ainda mais.

Resumindo a história, para se tomar uma cerveja Pilsen de verdade, procure marcas que sejam puro malte. Já é um grande começo. Não se iluda com mulheres maravilhosas e cervejas estupidamente geladas e transparentes. Cerveja pilsen não é amarela, ela deve ser ouro. Olhe no rótulo e tenha receio quando ver nos ingredientes a pérola: "cereais não-malteados". Está lá, basta você procurar, não é teoria da conspiração.

A dica final é: experimente trocar quantidade e baixo preço por qualidade. Dê mais uma chance para a Heineken. Ouse, compre uma Eisenbanh, Baden Baden, Bamberg, Wals. Prove uma pilsen tcheca, depois uma alemã... Procure encontrar o sabor, e você vai achar!

Ah, e sabe aquela ressaca monstruosa do dia seguinte? Pois é, ela vai diminuir muito com cervejas de boa qualidade. Mesma história do whisky escocês e do paraguaio. Lembrem-se: cerveja e whisky são irmãos...

sábado, 10 de abril de 2010

Trasfegando o Trigo


Após 6 dias fermentando, resolvi ver se a loura já estava boa para maturar. Densidade cravada em 1010, já está mais que bom: é hora de fazer a trasfega para o outro tanque fermentador. Depois do trauma de ter sido este o único estilo em que o resultado foi muito ruim, parece que ele foi superado. A Hefeweizen está muito gostosa. Leve, adocicada, refrescante. Já se sente claramente o sabor do cravo e da banana, principalmente (é bom esclarecer que não usamos estes ingredientes, mas este estilo por si só proporciona estes sabores). Ficou bem equilibrada, bem amarelinha, deu vontade até de encher um copo e beber, sem pressão nenhuma mesmo. Paulaner que se cuide, estamos na cola!

Ela foi mantida esses dias na casa dos 20 graus e a fermentação foi poderosa nos primeiros dias. Saíam bolhas de segundos em segundos, como a há tempo não acontecia (acho que agora o fermentador está mesmo bem vedado).

É provável até que ontem ela já estivesse boa, mas não houve tempo para fazer a trasfega. De qualquer forma, agora ela já está no outro tanque, com direito ao clarificante Insinglass. Ela está um pouco turva, com o fermento não muito decantado, então, vai ser preciso baixar bem a temperatura antes de engarrafar para dar uma limpada. Vamos torcer também para o clarificante funcionar direitinho e dar uma força.

Essa leva vai servir de experiência, pois vamos maturar ela apenas uma semana e ver como fica. Dizem por aí que as cervejas de trigo são boas fresquinhas, e é isso que vamos descobrir. Assim que engarrafar, postamos mais notícias dela...

Até lá!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Harmonizando e bebendo: assim é que se faz!

É claro que não passamos 8 horas fazendo a cerveja de trigo a seco. Então, vamos lá ao que bebemos:

Primeiro, começamos com a nossa primeira leva de trigo, que agora, após 6 meses de produzida, começa a fica razoável... ahahah o tempo opera maravilhas numa cerveja artesanal. Já numa cerveja padrão Ambev, a cada segundo que passa ela piora.

Mas foi só para acordar mesmo, pois depois tivemos o grande momento. Após 11 dias de carbonatação, só, abrimos nossa primeira Brown Porter. E estava uma delícia, mesmo ainda bem jovem. Ela vai para o campeonato, com certeza, e vamos ver se ela faz bonito. Ficou bem leve, com um gosto de torrado no final, notas bem leves chocolate. Ficou bem pouco lupulada no sabor, mas amarguinha. Está aprovada, em breve vamos fazer outra dessa. Na foto (ver post anterior) ela parece bem escura, mas olhando contra a luz, vê-se o tom avermelhado. Acho que o Caramunich que foi colocado no lugar do Carafa III (como na receita que pegamos original) deu esse tom, e era o que queríamos.

Para fazer a comparação com a nossa, abrimos uma argentina Antares Porter. Os hermanos estão muito bem, porque a cerveja é excelente. Ela estava mais forte que a nossa, mais pesada um pouco, e com mais gosto de torrado. Optamos por fazer uma Porter com menos malte Carafa e deu para sentir essa diferença nessa comparação. Mas é fácil também enxergar a semelhança entre as duas, facilmente reconhecíveis como do mesmo estilo.

Aí, foi a hora do almoço. Fizemos um pernil assado no forno, com cebolas e batatas. E harmonizado com a deliciosa Eisenbahn Rauchbier. Combinação ótima, o almoço foi um sucesso, tanto que eu e Eduardo acabamos com tudo, e olha que eram 900g de carne.

Para finalizar, a nossa Pale Ale da última leva, que está melhor a cada dia. Bem lupulada, cor alaranjada, só alegria. Ela que nos motivou a fazer nossa próxima leva, uma IPA. Mas isso ainda é uma história que precisa acontecer para ser contada...

Até mais!

Brown Porter: a vez da escurinha

A sexta leva produzida até hoje foi uma Brown Porter. Pela primeira vez fizemos uma cerveja escura, e estamos pensando em inscrevê-la no Concurso Nacional, que vai acontecer em Junho, em Porto Alegre. Ela foi engarrafada recentemente, mas pelo que provamos antes do primming, já está uma delícia. Depois de algumas experiências ruins (a pressa é inimiga do bom cervejeiro) ao abrir a cerveja com uma semana apenas após ser engarrafada, devemos prová-la neste sábado, quando ela completa 10 dias. Ainda bem longe do ideal, já que nossa cerveja milagrosamente só melhora com o tempo, mas a curiosidade fala mais alto e ela será degustada.

Na escolha dos maltes, optamos por “clarear” a Porter, para ela ficar mais para Brown do que para Robust. Na verdade, a avermelhamos, trocando o Carafa III, que ia 200g, por outros 200g de caramunich. No final, ela ficou com um tom mais avermelhado quando olhada conrta a luz, mas ainda assim a cerveja está bem escura. De lúpulo, usamos Cascade e K. Golding, pouco de cada, pois não queríamos uma cerveja muito amarga, menos ainda com sabor de lúpulo marcante.

Em breve contamos mais detalhes dos nossos processos, equipamentos, experiências e idéias sobre o maravilhoso mundo das cervejas especiais e artesanais.

Até lá!

Um trigo, dois trigos...

Pela primeira vez, vamos escrever um post logo após a brassagem, então, agora vamos começar a dar os detalhes do nosso processo.

Ontem, dia 3 de abril, fizemos nossa sétima leva de cerveja. Desta vez, escolhemos a Hefeweizen para acertar ela de vez. Partimos de uma receita com:

3kg de malte pílsen
2kg de malte de trigo claro
500g de malte carahell

Cascade 10g – 60’
Hallertauer 10g – 30’
Wirlfloc 2g – 5’

Foram 15 litros na brassagem do mosto e mais 17 na lavagem. Desta vez, foi uma tranqüilidade produzir a cerveja. A moagem com a furadeira com 2 grampos (cada um virado para um lado) foi bem tranqüila. Mas acho que aí foi nosso único erro, foi acho que moemos pouco os grãos, e nossa brassagem acabou sendo pouco eficiente. A OG ficou pouco abaixo do estilo, apesar de termos fervido 105 minutos.

De qualquer forma, acabamos não utilizando a bombinha de máquina de lavar para recirculação do mostro, fizemos no baldinho mesmo. Mas a vitória do dia era ela quem ia proporcionar. No resfriamento após a fervura, ela mostrou seu potencial. Após reduzirmos a temperatura para cerca de 35 graus no método tradicional, entrando água da torneira, passando no chiller e saindo pelo ralo, fechamos o circuito. A água gelada saia pela mangueira na panela, ia para a bomba, dali passava por dentro do chiller e voltava ainda gelada para panela cheia de gelo e água gelada. Se mantivéssemos o método com o circuito aberto, em que um outro chiller ia dentro do gelo, mas depois a água ia pelo ralo, normalmente íamos levar uns 30 minutos para talvez a água chegar aos 25 graus. Considerando que estava 27 na hora, baixar disso ia ser um sufoco e em outras vezes simplesmente nem conseguimos, tivemos que apelar para outros métodos.

Pois então, em menos de 10 minutos, o mostro já estava a menos de 20 graus, uma maravilha. Parabéns ao Melo que bolou essa engenhoca! Depois vou convencer ele a fazer um post explicando como montar este esquema.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Pale Ale: pegou na veia agora!

A quinta então foi um sucesso ainda maior. Partimos para acertar de vez a Pale Ale e conseguimos. Desta vez, optamos por não colocar lúpulo no final da fervura, que dá o gosto mais acentuado, ao invés do amargor. Utilizamos 20g de Nugget aos 60 minutos e mais 15g de Saaz aos 30 minutos. Ficou bem laranjinha, ligeiramente cítrica (“culpa” dos americanos, do lúpulo nugget?), amarga mas nem tanto. Finalmente, 100% de sucesso: densidade boa, amargor equilibrado, sem perdas no fermentador. Foi a primeira leva que bateu com precisão os 20 litros finais para alegria da galera.


Ela teve uma densidade dentro do estilo. A OG (medida após a fervura) ficou em 1046. Já a FG (medição de densidade feita após a fermentação) ficou em 1014. Açúcares devorados, foi hora de maturar mais 15 dias. Envasamos com cerca de 6,5g por litro de açúcar no primming. Nós não colocamos o açúcar direto na garrafa. Optamos pela opção com menor risco de contaminação, que produzir o tal açúcar invertido, em que ele é fervido em 3 a 4 vezes seu peso em água. Ele é fervido por 5 minutos. Após isso, basta esperar esfriar e mandar ver!

Se aventurando nas belgas

Cada vez mais entusiasmados com nossa produção caseira, começamos a acertar. Fizemos a quarta leva, uma “Belgian Strong Golden Ale Trapista”. Sei lá dentro de qual estilo exatamente ela se enquadraria, mas essa ficou boa de verdade. Pela alta densidade, ela ficou fermentando mais de 10 dias, e maturou cerca de três semanas. Bem aromática, com cerca de 8% de álcool, mas ainda assim leve. Ficou muito boa, tanto que foi bem recebida pelo pessoal da Acerva Carioca.

Um detalhe curioso desta leva é que, para chegar ao alto teor alcoólico, ela levou 1kg de açúcar de milho no final da fervura. Agora, o que vocês não sabem é que o Eduardo Sardinha comprou os ingredientes na Argentina, meteu na mala sem nem olhar direito e trouxe. Chegando aqui em casa, ao abrir, se deparou com um pacote transparente de 1kg de um pó branco sem nenhuma etiqueta nem nada. Não precisa nem dizer o que ia acontecer com o desavisado se a Polícia Federal resolvesse fazer uma revista no galego.

“Aperfeiçoando” a Pale Ale

Após o fiasco da cerveja anterior, voltamos para a Pale Ale. Desta vez, cervejeiros já experientes (?!), resolvemos dar uma carregada no lúpulo para testar. Foi com direito a 9g de Saaz nos 2 minutos finais da brassagem, ou seja, ficou uma cerveja para macho. Para melhorar, ainda descobrimos que o fermentador estava vazando. Mesmo sendo um pequeno vazamento, no decorrer de toda a fermentação, perde-se bastante.

Como resultado, tivemos apenas 13 litros de cerveja. O maldito vazamento nos levou preciosos 7 litros do néctar. Mal se sente o gosto do malte, mas não vou mentir, até que ficou bem gostosa. Quem ama o feio, bonito lhe parece...

Na foto, colocando o wirlfloc nos minutos finais da fervura.

A segunda brassagem – Tentando o trigo

Partimos para uma segunda leva. Já que a cerveja é nossa, porque não partir para algo diferente, sofisticado e ver no que dá? E nessa linha de raciocínio elegemos uma cerveja de trigo, estilo alemão. Escolhemos uma das minhas preferidas, a Hefeweizen.

Logo no início dos trabalhos, vimos que a tarefa seria árdua. A moagem do trigo é mais delicada, já que seu malte é mais duro e menor. A regulagem do moinho foi difícil e talvez tenha sido nosso primeiro tropeço. Nas demais etapas do processo, não notamos nenhum erro, mas o resultado...

Bem... Fomos provar lá para setembro e só há pouco tempo ela ficou tragável, dá até para sentir um gosto de banana de leve. A primeira que abri foi para o ralo, e algumas serviram para cozinhar carne. Ainda não sabemos bem o que aconteceu, mas contaminação está bem cotada para ter sido a vilã.

A primeira e sofrida cerveja artesanal – Pale Ale

Acabamos optando por comprar o kit básico da Turma, de Campinas, para 20 litros de produção final. Decidimos também fazer uma Pale Ale (pois só podíamos fazer ales por conta da temperatura de fermentação e maturação). Tivemos a brilhante idéia de deixar para montar os equipamentos pela primeira vez no dia e ainda fazer a brassagem. O resultado foi desastroso, pois apanhamos demais para montar todo o equipamento, sujamos minha cozinha inteira, erramos na conta da água, a densidade ficou muito baixa, a moagem foi mais sofrida que parto de ouriço. E olha que estava eu, Bernardo, o Eduardo Sardinha, o Eduardo Melo e ainda o quarto mosqueteiro Guilherme (que é meio que um Mestre dos Magos na produção, aparece às vezes, e em outras não, mas tá sempre participando de alguma forma). Nem com os quatro a coisa foi fácil. Mas claro, na primeira leva, empolgados, bebemos todas as marcas de cervejas que existiam no mundo (leia-se supermercados da redondeza) e isso não ajudou muito.

O resultado foi surpreendente. Tirando o contratempo de descobrir (só após a terceira leva descobrimos, depois eu conto o porquê) que o fermentador tinha um micro-vazamento, não é que a cerveja ficou boa! Não rendeu nem 10 litros, é verdade, e ficou um exagero de lúpulo. Erramos na quantidade de água e moemos mal o mate, mas botamos lúpulo como se nada tivesse acontecido.

A história deste grupo de aprendizes de cervejeiro

O gosto pela cerveja é uma coisa que desenvolvemos ao longo da vida. Inicia-se às vezes de forma precoce, outras vezes mais tarde na vida. Mas este gosto atingiu a todos nós. E, claro, éramos fãs das cervejas comerciais, preferindo a Bohemia à Skol, ou a Antártica à Itaipava. Há cerca de dois ou três anos esse horizonte começou a mudar um pouco. O primeiro a atentar para este lado foi o Eduardo Sardinha, cujo cunhado produzia artesanalmente e ficou em segundo lugar num dos concursos nacionais da Acerva, o que mostrou que com dedicação, estudo e prática, o reconhecimento aparece.

Como próximo passo tentamos uma vez juntar o pessoal para ir numa degustação de cervejas artesanais, algo até então desconhecido para nós. Não fomos ao evento e o tempo passou. Porém, começamos a experimentar cada vez mais cervejas de melhor qualidade.

O grande passo foi em 2009, quando um conhecido comentou que estava fazendo cerveja (na hora lembramo-nos deste momento anterior) e de curiosidade entramos na internet para ver o que existia a respeito. Descobrimos algumas lojas que vendiam equipamento e insumos. Ouvimos que um tal de Leonardo Botto faria um curso no Rio de Janeiro em algumas semanas. Focamos nisto, íamos nos tornar cervejeiros artesanais.

Combinamos de fazer o curso, porém, por imcompatibilidade de agenda, somente o Bernardo Couto acabou fazendo o curso . E claro, depois de beber as cervejas excelentes do curso e de ver que não era algo assim tão sobrenatural fazer a cerveja, juntamos a galera e partimos para a compra dos equipamentos. E assim entramos neste novo mundo, que parece brincadeira, mas em pouco tempo mudou completamente a nossa relação com a bebida. De uma bebida abaixo de vinhos e whiskys, agora, a cerveja, briga nas cabeças para os grandes momentos de celebração. Fora que a nossa cerveja ganha de tudo mais, é claro!

Hoje, somos três amantes da boa cerva, tendo seu foco na produção, mas também na apreciação, degustação e ingestão da boa cerveja. Participantes das comunidades cervejeiras do Rio de Janeiro e de São Paulo, nesse contínuo aprendizado, almejamos o reconhecimento de nossas cervejas pelos mais críticos dos críticos cervejeiros.

Bem, por fim este é nosso blog, onde sempre postaremos curiosidades, informações, dicas e contaremos nossas experiências neste mundo de cervejeiros artesanais!

Sejam bem vindos,
Homini Lúpulo

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