quarta-feira, 21 de abril de 2010

Moinho a disco e furadeiras

Este é primeiro post que fazemos especificamente sobre os equipamentos usados para a produção de cervejas artesanais. Nesta seção do blog, vamos conversar sobre moinhos, panelas, fogareiros, fermentadores, válvulas, enfim, tudo aquilo que usamos para transformar malte, água, lúpulo e fermento nas nossas deliciosas crias.

Que tal, então, começar pela moagem do malte? Acordamos logo cedo para começar o ritual. Sacamos nossos caldeirões, enchemos de água e colocamos para esquentar. A água não pode ficar a uma temperatura muito elevada, então temos que moer o malte rapidinho.

Há muitas formas de moer o malte, mas a maioria dos cervejeiros artesanais começa com um moinho a disco. Na foto aí ao lado podemos ver um exemplar. Este é um equipamento muito comum até mesmo nos lares em que não há a alegria cervejeira artesanal, pois é simples, barato e ajustável a propósitos diversos.

Para operá-lo, basta colocar o que se deseja moer na abertura da parte superior e girar a manivela. O produto moído sai por baixo, simples e fácil assim. Isso pode ser suficiente para moer o ingrediente da fabulosa receita da vovó, mas quando o equipamento é utilizado para na moagem do malte, algumas peculiaridades tornam as coisas um pouco mais complicadas.

Antes de mais nada, temos dar a atenção devida à regulagem do moinho. Desta forma, define-se quão próximos os discos dentados estão e, portanto, quão fina será a moagem. É importante regular de maneira que os grãos quebrem, mas não esfarelem. Esta etapa é crítica, pois se erramos aqui, não teremos os açúcares necessários para uma etapa posterior, a fermentação. Além disso, não teremos a densidade esperada para o estilo que desejamos produzir. Mas isto é papo para outro post...

Com o moinho devidamente regulado, começamos a colocar o malte e moer. A quantidade a ser moída pode ser colossal dependendo da quantidade de cerveja a ser produzida e de qual estilo. Ficaríamos horas rodando a maldita manivela, mas a modernidade e a criatividade dos cervejeiros nos dão uma agilidade fenomenal nesta etapa. Vamos então à gambiarra, armeng, improviso…

Se, no lugar de rodar a manivela, tivéssemos um motor de giro rápido e torque suficiente, seria maravilhoso. Não nos cansaríamos tanto e seria MUITO mais rápido. E a grande maioria das casas tem um, graças a Deus (não confunda com a cerva dos milionários)! Uma furadeira resolve a parada, aquela mesmo que usamos para furar a parede e prender os quadros.


Com esta idéia, basta acoplar a furaderia ao moinho e partir para o abraço. Isto pode ser feito com um parafuso com forma de gancho na ponta. A parte da rosca fica presa na furadeira e o gancho no moinho, onde engataríamos a infame manivela. Este “parafuso” que aparece na foto acima é bastante usado nas casas para prender as cordas dos varais nas paredes ou aquela samambaia no quintal. Em breve, a venda em uma casa de ferragens próxima de você.


Se usarmos apenas um parafuso-gancho na furadeira, poderemos ter alguns problemas. Como o gancho tem uma parte aberta, a rotação fica com uma parte em falso. Assim, ocorrem impactos no giro que podem levar a torção do gancho, quebra, além de ficar desencaixando toda hora. Resolvemos isso usando dois ganchos, fechando um círculo completo como pode ser visto nas fotos. Colocamos um de frente para o outro no moinho de forma a fechar o círculo e depois prendemos a furadeira. Fica fácil de moer vários quilos de malte em poucos minutos, e aquela água ainda não passou nem dos 45 graus. Tudo bem fixado, basta colocar a furadeira na tomada e colocar para funcionar. Com um saco na parte inferior do moinho, o malte moído já cai em um recipiente que depois vai para a panela.

Um abraço e até a próxima conversa sobre nossas gambiarras caseiras!

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