sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Rindo de si mesmo

Para terminar (e começar) o ano, uma reflexão bem humorada sobre nós, os cervejeiros. Para beber e rir, não necessariamente nesta mesma ordem.



E primeiro, vou começar sobre uma coisa que nunca entendi, e continuo sem entender: porque um cervejeiro trata o cornélius como uma coisa tão normal? A grande maioria das pessoas do mundo morrer de medo, se desesperam. Tem ciúmes, contratam detetive particular para evitar o mal. E o cervejeiro? Ele compra cornélius, e paga caro. Exibe-o orgulhoso para os amigos degustarem através dele. Quanto mais, melhor! E todo mundo acha tão normal o cornélius do amigo... Quando brameiro recebe um cornélius a coisa fica preta, fecha o tempo mesmo.



Mas o cervejeiro é um cara excêntrico. Ele demora 1 mês para poder beber uma cerveja com a cara e gosto estranhos, quando ele podia ir no mercado e comprar uma cerveja Boa por 1 real. É só gelar e pronto. Tão mais fácil, prático e econômico. Isso sem falar quando ele paga 20 reais numa long neck de uma cerveja só porque ela é importada. E o pior, a Brahma já cansou de ganhar prêmios de melhor cerveja do mundo... mas tem sempre uns do contra.



Depois, ao invés de ser macho e virar um copo de cerveja de uma vez, nós olhamos, cheiramos. Aí, olhamos de novo, sacudimos. Cadê a espuma? Aroma floral, cítrico? Bem, depois disso é hora de beber. Então, o cervejeiro põe o líquido na boca, depois de 2 minutos cheirando e olhando, e fica pensando, refletindo... Olho de novo. Nariz mais uma vez. E mais uma vez direto para a boca. E o brameiro fica olhando, cheirando a cerveja dele e pensando: "acho que esse cara é doido ou essa tal de cerveja artesanal deve dar uma onda diferente..."



Mas cerveja gostosa é mais que isso. É fazer amigos, aprender, estudar, descobrir um pouco da história do mundo através delas e, sobretudo, provar aromas e sabores diferente e deliciosas a cada dia.



Nós do Homini Lúpulo desejamos a todos um Ano de 2011 com muita produção caseira, muita conversa jogada fora e muita cerveja jogada para dentro.



terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Ceia 2010 da ACervA Carioca

No dia 11 de dezembro aconteceu a tradicional Ceia Natalina, uma grande confraternização de fim de ano dos cervejeiros cariocas. O evento, mais uma vez, foi um grande sucesso, tanto de qualidade de cervejas como de público. E teve com ponto alto da festa a posse da nova diretoria da ACervA Carioca, agora presidida pelo Leonardo Botto. Além da posse, ele produziu uma cerveja no local e ainda disputou no chope a metro (e venceu).




Ao chegar na festa, o associado já ganhava a sua caneca da associação e aí era correr para as chopeiras lotadas de delícias. Destaque foram as witbiers do Mauro Nogueira (uma delas, a Double Wit, com gradução alcoólica acima dos 7 graus com ótima drinkability), a Fraga Weiss e a Oatmeal Stout Henrik Boden. Depois outras foram sendo colocadas no lugar e a qualidade era tanta que a memória ficou prejudicada. Mas da Índia Black Ale do Ricardo Rosa e da Rauchbier (esta engarrafada) eu lembro muito bem, pois estavam muito boas. Com cerca de 50% de malte defumado, a Raucbier do Fernando Miranda não saia das mãos e copos da Tatiana, que passou o copo de presidente da ACervA naquele dia. Outros sucessos foram a Tripel muito lupulada do Lucio e do Daniel, inovação que deu ótimo resultado.


Enquanto o Botto terminava sua brassagem de sua pale ale, foi feito o amigo oculto de cervejas caseiras com sorteio na hora e o Mauro Lustosa (foto abaixo) ficou com uma exemplar da Carioca Ale, entregue por mim, Bernardo, muito bem vestido para a ocasião. Por sinal, fui acompanhado no evento do aspirante a cervejeiro e tricolor Igor (vulgo Lobão), que certamente nunca tinha visto tanta cerveja boa em questão de variedade e quantidade mesmo. Ele ficou animado a começar a produzir em 2010, e torcemos para que seja mais um produtor de cerveja caseira em parceria com a gente.



O evento marcou também a posse dos diretores e agora ajudarei a diretoria festiva, que ficou a cargo do José Padilha. Minha participação será dando maior foco na área de comunicação. Que venha um novo ano ainda mais legal para a cerveja artesanal carioca e brasileira!


fotos: Henrik Boden

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Eletrobomba no resfriamento do mosto

O dia foi longo, o trabalho penoso. Exaustos depois de horas em nossa fábrica caseira de cerveja, chegou a hora crítica de trazer o mosto para a temperatura de fermentação. No melhor cenário, uma ale, precisamos trazer o precioso líquido de 100 ºC para próximo de 25 ºC.

Se não morássemos no Rio de Janeiro e a água da torneira não fosse tão quente, talvez nossa missão não fosse tão complicada. Nas primeiras brassagens, a dor de cabeça era certa. Conseguíamos trazer o mosto para um pouco menos de 30 ºC, mas para baixar disso nem reza forte resolvia. Colocávamos um chiller dentro da cerveja, uma mangueira ligada na torneira passando por dentro de outra panela com gelo e ligávamos a água. A água fazia o circuito e era descartada no tanque. Chegava aos 30 ºC e por ali ficava.

Quando arrumamos outro chiller, pensei que nossos problemas estavam resolvidos. Colocando um chiller na água com gelo e outro dentro do mosto, a troca seria mais eficiente, a água sairia mais gelada para o mosto. De fato, melhorou um pouco, mas não tinha gelo que desse conta e o problema não se resolvia. O gelo derretia rápido demais, antes de o mosto estar em temperatura de fermentação.

Analisando essa situação, tiramos duas conclusões. O gelo trocava calor com o ar e derretia, trazendo o primeiro problema de eficiência energética. Além disso, a água saía da torneira, ia gelada para e cerveja e era descartada “geladinha” no ralo do tanque, outro desperdício.

Para o primeiro problema, a solução era óbvia. No início do resfriamento, não precisávamos de gelo, já que a água da torneira já estava em uma temperatura bem mais baixa do que o mosto depois da fervura. O gelo podia entrar só depois para baixar de 30 ºC para a temperatura de fermentação. Faríamos então em 2 etapas.

Primeiro, o circuito teria água circulando a temperatura ambiente. O desenho abaixo mostra as ligações, feitas com mangueiras representadas em pontilhado laranja. A montagem poderia ser mais simples, mas deixando assim, é mole passar para a segunda etapa.
Resfriamento do mosto em circuito aberto

Na segunda etapa, quando a temperatura do mosto parasse de baixar, era a hora de adicionar o gelo. Neste momento, não poderíamos descartar a água gelada no tanque, senão o gelo derreteria rapidamente. Empregamos então a eletrobomba para fechar o circuito e manter a água próximo de 0 ºC circulando e resfriando o mosto. Considerando o desenho abaixo, basta tirar a mangueira ligada na torneira do tanque e colocar a mangueira que descartava a água no tanque para jogar para a panela com gelo. Abaixo o esquema de como fica a segunda etapa.
Resfriamento do mosto em circuito fechado com água gelada

O resultado é excepcional! Com muito pouco gelo, o mosto vai para próximo de 10 ºC em poucos minutos. Empregando apenas um chiller e uma eletrobomba, ficamos com mais eficiência e menos risco de contaminação. Considerando que esta etapa é no final da brassagem, momento em que estamos cansados, este tempo é muito valioso. Outro benefício, é que não circulamos o mosto, apenas a água, reduzindo o risco de contaminação e facilitando a higienização.

Abaixo 2 vídeos do esquema todo montado nas duas etapas descritas acima. Grande narração do Bernardo Graça no segundo vídeo. Abre teu olho Galvão!



Um abraço e até a próxima!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Resultado da Carioca Ale

Após mais de 2 semanas de carbonatação na garrafa, a primeira Carioca Ale foi degustada. Essa foi a primeira leva deste estilo desenvolvido pela Homini Lúpulo, tendo como uma base uma blonde ale inglesa com adição de mel da fermentação. Assim, nossa idéia era ter uma cerveja saborosa e lupulada, mas com um leve sabor do mel.

E o resultado desta experiência foi uma cerveja leve, com o amargor e sabor do lúpulo (25IBU) equilibrando com dulçor mel. O aroma ficou leve e agradável. A coloração ficou um pouco mais clara do que o desejado, nada que um pouco mais de malte caramelado na próxima leva não resolva.

A carbonatação com cerca de 6,5g/L de açúcar ficou na medida.

Em breve umas fotos desta nova delícia produzida em casa, que só vai melhor a cada dia de guardada.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Reflexão sobre a importância da informação

Domingo, vários amigos se juntaram para beber. E, claro, procuramos um lugar onde pudéssemos encontrar boa cerveja a um preço razoável e acabamos sempre na mesma opção: Boteco Colarinho (todos moram nos arredores do Flamengo). Vários chopes de qualidade, comida gostosa. Até aí, tudo bem. Mas foi quando o comentário de uma amiga pouco conhecedora de cervejas me chamou atenção. então, vamos à história completa do início.

Certa vez tínhamos ido ao Herr Brauer, e foi o seu primeiro contato com as diversas cervejas que existem fora da redoma Ambev. E, claro, a descoberta foi mais agradável porque à mesa tinham pessoas que entendiam e podiam explicar o que era cada cerveja, qual sua história, o que esperar dela. E ao contar disso para a mãe, a mesma achou uma pena não ter ido apesar de ser uma "bebedora de vinho". Fiquei com isso na cabeça até hoje. Ou seja, beber e entender um pouco mais seria muito interessante, mesmo não sendo uma bebida de sua preferência, mas o passeio por aquela vasta e obscura cultura teria sido muito bom, mesmo ela sendo totalmente leiga sobre o assunto.

Pois então, vou logo ao cerne da questão: afinal, o bar não deveria proporcionar isto ao cliente? Se você vai à Casa da Suíça o maitre te explica como é feito cada molho, cada corte de carne e o que mais se quiser saber. Ele está ali para tornar aquela experiência o mais completa possível, valorizando-a. Quando nós, cervejeiros caseiros, chamamos amigos para beber a nossa cerveja, escolhemos um copo especial, contamos como foi feita, sua história e tudo que vier à cabeça sobre o tema. Queremos fazer da nossa cerveja algo inesquecível para aquela pessoa, afinal, ela é de fato única!

Quando falamos que o público para cervejas especiais está crescendo, é importante também que os lugares estejam dispostos a fazer este público entender e apreciar. Não basta ter uma Urquell no cardápio e servir como se fosse uma Skol e em um copo qualquer. Claro, tratá-la como algo fabuloso não é o caminho, pois afasta as pessoas, mas se ela é especial, merece ser servida com carinho.

O garçon precisa saber o que ele está vendendo, como servir apropriadamente. Ou então, que tenha uma pessoa especializada neste assunto que possa dar uma consultoria básica para os desavisados sobre cerveja. Assim, cada vez mais nossa arte estará sendo tratada bem, e certamente terá novos "devotos", pois a qualidade, o sabor e a experiência única conquistam os mais experientes a cada dia. E aos iniciantes então? Sentar à mesa e beber algo do qual não se conhece e não se entende, e ainda pagar caro por isso não tem muito sentido. Não é a toa que o chope Brahma é o que mais sai, mesmo tendo opções muito melhores. Quando não se tem idéia do que estamos fazendo é melhor nem fazer, logo, acabamos optando pelo conhecido e seguro.

A conclusão seria: uma Urquell bem servida e se sabendo o que está bebendo se torna ainda mais saborosa.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

III Mini Concurso da ACervA


No último sábado, dia 11 de setembro, aconteceu o III mini Concurso ACervA Carioca, uma grande confraternização dos associados. A festa foi tão animada que começou por volta das 13h e entrou pela madrugada. O principal momento foi o concurso, propriamente, no qual os membros julgavam as cervejas caseiras, tudo organizado pelo Ricardo Rosa. Infelizmente acabamos não participando por estar sem cerveja recentemente pronta, mas eu, Bernardo, estive lá para dar minha árdua contribuição como jurado.



E o mais curioso foi que a primeira cevreja servida na minha mesa, num total de 7, foi posteriormente escolhida a campeã. Parabéns, Mauro, a witbier com coentro estava ótima mesmo. E para o Fernando, que na sua primeira leva já ficou com o terceiro lugar.

Mauro, o grande vencedor!

Resultado final:
1° Witbier (Mauro Nogueira)
2° India Black Ale (Ricardo Rosa)
3° Robust Porter (Fernando Miranda)
4° Rauchbier (Henrik Boden)
5° Pilsen (cerveiga)
6° Golden Ale com mix de frutas vermelhas (Botto)


A qualidade das cervejas estava muito boa, mantendo um alto padrão de notas. Paralelo ao concurso, os amigos levaram diversas de suas levas caseiras, uns em post mix, outro em garrafas. A verdade é quer era cerveja demais e muita vontade de provar todas. Começamos com uma Amerincan Premium Lager, depois a India Black Ale, a Witbier (campeã). Teve uma Wit do Bode com morango, Bock, IPA e tantas que fica até difícil lembrar de todas. Mas uma certeza fica: o pessoal está acertando na mão. E ainda tivemos a palestra com o Lúcio, explicando melhor a todos sobre o grande passo a ACervA Carioca, a Fermentoteca.


Detalhe do arsenal preparado para o evento pela galera.



O evento foi realizado na Casa do John (minha dupla na foto acima), que no dia estava fazendo uma leva de cerveja no método californiano, com extrato de malte. E após isso, ele organizou o beer pong, jogo em que se posicionam 2 copos em cada lado da mesa de ping-pong e a dupla que tiver o copo atingido durante o ponto bebe. Se acertar a bolinha dentro do copo, a dupla bebe todo o copo (o que só aconteceu uma vez num tiro certeiro do John, claro). E nesse ritmo, a farra foi até tarde...




As fotos foram um cortesia do Bode e da Lu.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A cerveja e o gás, um caso de amor




É algo tão arraigado ao que imaginamos como cerveja que o gás da cerveja passa despecebido ao se apreciar e valorizar uma boa cerveja. Afinal, não se imagina uma cerveja sem gás, né?

Bem, ela não nasce carbonatada, então os cervejeiros caseiros, antes de engarrafar, podem experimentar uma cerveja sem gás. E realmente ela fica muito mais gostosa e equilibrada gaseificada. Mas como é produzido este gás, no caso, o CO2? Existem basicamente 2 princípos, sendo o primeiro a inserção de CO2 diretamente na cerveja, como é o caso da ampla sorte de marcas industrializadasm, com raríssimas exceções. Desta forma, o CO2 é inserido no momento do envase ou então, quando embarrilhada, a cerveja recebe a pressão na hora de servir. A outra forma é como a gente faz, que é a adição de açúcar durante o envase. Este açúcar se transforma em álcool e CO2. Este açúcar pode ser inserido de diversas forma, como o próprio açúcar puro, açúcar invertido, rapadura, mel e até mesmo o próprio mosto não-fermentado que é riquíssimo em açúcar. A desvantagem deste método de gaseificação natural é que existe sempre a possbilidade de contaminação, por mais ligeira que seja. E este processo também tem um diferencial, pois ele produz uma segunda fermentação na cerveja, alterando-a.

Além dos caseiros, quem se utiliza muito deste princípio são as cervejas feitas com o método champagnoise, como a Deus. Após fermentada e maturada como uma cerveja na Bélgica, ela vai para a França onde recebe uma nova dose de açúcar e fermento (de champagne).

E mais do que isso, cada estilo de cerveja pede uma quantidade de carbonatação. Cervejas ales normalmente são menos carbonatadas que as lagers, enquanto as weizens são bastante carbonatadas (a marca registrada dela é aquele copão com a espuma linda acima do limite do copo). Isso em linhas gerais, pois em cada estilo vamos ter diferentes necessidades.

Explicado isso, vamos entender a importância do gás. Primeiro, ele conserva a bebida, dá uma durabilidade maior. Outro fator importante e muito valorizado é que ele produz a espuma, o famoso colarinho, e eleé muito importante para a qualidade da cerveja.
A espuma ajuda a deixar a cerveja afastada do oxigênio, que oxida deixando um gosto ruim que lembra papelão. Além disso atua como protetor térmico, segurando melhor a temperatura, fator importante em terras brasileiras.

Na parte de degustação, o gás tem grande relevância também. Outro papel dele é liberar com mais facilidade o bouquê da bebida, ou seja, os aromas nela contidos. E ainda mais, ele limpa as papilas gustativas permitindo que se perceba melhor o dos dos alimentos. Aí está uma vantagem em relação à harmozação de vinhos com queijos. Como o gás da cerveja tem essa função, o sabor do queijo será percebido com mais força após cada gole de cerveja, o que não ocorre com o vinho.

Indo mais longe, vale até a pesquisa de que copo favorece determinado estilo de cerveja, e um dos principais parametros para estas escolhas está na relação entre a carbonatação e o estilo da cerveja, com um copo que atenda a estas necessidades.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Carioca Ale 1.0

Depois de um recesso durante e após a Copa do Mundo (mais por desencontros do que qualquer outra coisa), conseguimos voltar a produzir cervejas. Depois de fazer diversos estilos tradicionais, como Pale Ale, Porter e por aí vai, decidimos partir para uma jornada rumo ao desconhecido. Fizemos nossa primeira cerveja sem se preocupar com estilo, que foi batizada de Carioca Ale. Por que este nome? Certo dia, conversando com o Eduardo sobre o feedback que deram para nossa IPA (que estava um pouco menos lupulada do que o estilo pede) e falei que pouco importava se ela era IPA, Pale Ale ou qualquer coisa, e que se não se encaixasse em nenhum estilo, poderíamos batizá-la de Carioca Ale e pronto. E depois veio a idéia de fazer justamente esta cerveja. Mas como ela seria?

Primeira certeza: precisava ser leve, afinal, o Rio é uma cidade muito quente e combina com cervejas de drikability. E o corpo? Bem, a idéia era ter um corpo médio e a cor clara, mas não tanto, pois aqui é o Rio de Janeiro e não a Suécia! Como usaria quase que só malte Pilsen, pensei em usar um dedinho de carafa, só para quebrar a cor. Mas como a idéia era fazer algo mais diferenciado, foi escolhido o mel. Após algum estudo no blog do Bode que tem um post muito bom sobre isso, decidimos utilizar o mel na fermentação, pois queríamos que suas características chegassem bem marcantes até o final, coisa que não acontece se o mel for utilizado na fervura, pois ele perder muito do seu aroma e sabor. E quanto à lupulagem? Bem, optamos por trabalhar perto dos 30 IBU, mas também dando um pouco de aroma e sabor de lúpulo bem leve. Segue a receita da primeira Carioca Ale (20 litros):

6kg malte pílsen
0,50kg malte carahell
25g Nugget 60'
20g Hallertau 20'
5g Saaz 5'
Fermento S-04
400g mel dilúido em água, aplicado no segundo dia de fermentação



Agora ela está em vias de ser trasfegada para a maturação, e a expectativa é grande. Apesar de achar que após provar o resultado da primeira tentativa, alguns ajustes terão de ser feitos, já esperamos uma boa surpresa. A grande questão é quem vai sobressair ou se vão se harmonizar lúpulos, malte e mel.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A Igreja da Cerveja?

Como foi falado no post anterior, a visita do americano Randy Mosher animou os cervejeiros cariocas. E mais do que se sentir valorizado, é o momento de pensar um pouco nas palavras dele. Randy falava durante o encontro e cerca de 10 pessoas se expremiam para chegar perto e ouvir suas palavras. Mas ele não falava sobre design de rótulos, sua especialidade, ou sobre produção de cerveja caseira, tema sobre o qual ele escreveu diversos livros. Tudo que ele queria naquele momento, com brilho no olhar, era transmitir uma palavra de incentivo para que falássemos da boa cerveja, da importância dela para a nossa sociedade. E falava de forma apaixonada, contando suas experiências em Chigado, a cidade onde mora. Na formação de clubes, em eventos em que cada produtor artesanal convidava uma não-cervejeiro para participar.

Randy Mosher, mais do que qualquer coisa, deixou bem claro que nós podemos e devemos difundir esta cultura ao máximo de pessoas possíveis, sendo multiplicadores. todos nós podemos falar sobre os aromas, cores, sabores. Sobre os diferentes ingredientes e as diferenças qualidade. Fazendo uma analogia, seria algo como: "conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (Jo 8.32). E nós, cervejeiros, nos tornariámos os evangelizadores, propagando esta palavra de transformação, unindo diferentes áreas da sociedade e passando conhecimento. Parece um certo exagero esta comparação? Mas por quê não pensarmos assim?

A importância da bebida é multipla. Primeiro, a cerveja foi e é, durante milênios, a base da alimentação de diversos povos, tendo grande marca no Antigo Egito, nas Grandes Navegações e por aí vai. Estar ligado à esta tradição é algo que precisa ser valorizado. Consumida em quantidades moderadas, é um alimento muito rico benéfico para nossa saúde. Há, inclusive, cervejas com baixíssimo ou nenhum teor alcoólico desenvolvida para o consumo de atletas, pois é uma rica fonte de energia. E mais, de acordo com novas pesquisas, o índice glicêmico baixo e as propriedades fitoestrogênicas da cevada e lúpulo, base da produção cervejeira, promovem uma dieta equilibrada e previnem doenças cardiovasculares.

Outro elemento que traz força a esta idéia é o poder socializador que a bebida tem. Afinal, que graça tem tomar uma deliciosa Urquell sozinho? O universo cervejeiro é um mundo de constantes descobertas. Do iniciante ao mais calejado, todos estão sempre conhecendo algo novo, transmitindo alguma experiência diferente, novas harmonizações e estilos. Isto é a prova do valor que a bebida e a comida tem de agregar, ainda mais num período marcado pelo individualismo e por bens de consumo de massa. A interação social e a amizade são tão importantes que chegam a ser benéficos até para a saúde das pessoas, mais do que fazer bem para o humor.

A para completar a Tridade Cervejeira, a infinidade de estilos, adjuntos e possibilidades de fabricação fazem da mistura da água, malte e lúpulo algo tão grandioso e complexo que chega a ser uma experiência quase religiosa provar uma grande cerveja. Defifrar a riqueza de aromas e sabores é um prazer único, uma evolução constante e deliciosa em nossas vidas.

E por que privar as pessoas que estão a redor de nós destas verdades? Elas precisam ser libertas sim das amarras do marketing, do conceito que quanto mais leve e claro é melhor. Temos que nos sentir como no "Mito da Caverna", de Platão, onde todos vivem na escuridão com um pequeno faixo de luz vindo de trás e julgam as sombras produzidas por ele serem a realidade. E só quando se libertam conseguem perceber que as sombras eram geradas por seres como eles mesmo, e que existe uma natureza riquíssima que não imaginavam existir.

Chamemos como quisermos, mas o dever de levar o valor da qualidade para dentro da vida das pessoas que estão à nossa volta está nas nossas mãos. Quando o Randy Mosher falou com grande amor sobre isto, ele nada mais estava do que praticando a sua fé. A fé de que uma grande cerveja proporciona algo superior. Maior que alimentação, a socialização e a descoberta de sabores. Algo extremamente humano, mas com uma pitada de divino.

Amém!


E no próximo post falaremos um pouco da nossa produção da Carioca Ale, uma cerveja clara e lupulada, de baixa fermentação com adição de mel na fermentação. Aguardem.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

O dia em que Randy Mosher provou nossa cerveja





Na segunda feira, dia 9 de agosto, aconteceu o encontro da Acerva Carioca com o Randy Mosher, no Bar Petit Paulette, na Tijuca. Este cervejeiro americano é um dos mais renomados, principalmente quando se fala de ousadia na produção. Ele é autor de diversos livros e ontem teve a maior honra de sua vida: provar uma cerveja feita pela Homini Lúpulo. (na foto, Bernardo e Randy, foto tirada por Tatiana Mello Gomes).


Brincadeiras a parte, entre as diversas cervejas caseiras ofertadas ele experimentou e gostou da nossa Índia Pale Ale. Perguntado se havia algum off-flavour, ele disse que a única crítica era que poderia ter carregado mais de lúpulo , principalmente para sabor e aroma. Ou seja, o processo foi perfeito, talvez tenhamos pecado ligeiramente na escolha da matéria prima, mas nada que comprometesse de fato. E isso já era algo percebido anteriormente, pois utilizamos alguns lúpulos mais velhos. Aliás, fica a dica para os iniciantes: evitem usar lúpulos antigos, pois eles perdem algumas propriedades além de gerar alguns odores não desejados na cerveja.


O evento contou com a presença de diversos membros da Acerva Carioca, muitos fizeram questão de levar algo de sua produção para o mestre Randy provar e dar sua avaliação.Destas, eu pude degustar diversos estilos de cervejas caseiras e como o próprio Randy Mosher falou: “hoje eu não provei uma cerveja que não estivesse muito boa”. Havia no barril uma saborosa Red Ale, assim como uma Ale do Ricardo Rosa muito perfumada e interessante. Outra que chamou atenção foi uma Tripel com gengibre e casca de laranja, com um aroma muito peculiar e muito refrescante. E fora isso, foram litros da já conhecida Botto Bier München Hell e ainda uma oatmeal stout da Tatiana para finalizar.



E para completar a orgia gastronômica, havia um queijo maturado por 5 anos delicioso, que era impossível parar de comer, oferecido pela frommagier Monica Pessoa. Fora uma novidade que ela levou: a paçoca de cacau. Fica a imaginação da harmonização dela com uma Porter com Café.


E por falar nisso, a visita foi oferecida por Marcelo Carneiro, da Cervejaria Colorado. Para quem não sabe, a Demoiselle é um primor justamente na combinação de cerveja estilo Porter com infusão de café a frio.


O ponto alto da noite foi a devoção quase religiosa do Randy Mosher pela cerveja caseira. Mas isto é assunto a ser mais aprofundado em um próximo post.



Até lá

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Resultado da Degustação de Cervejas de Trigo



Os melhores momentos da primeira parte da degustação já foram exibidos no post anterior, e agora vocês conferem os resultados. Os critérios foram (em parênteses a escala de pontuação máxima e mínima de cada categoria):

Aparencia (1 a 3)
Aroma (1a12)
Sabor (1 a 20)
Mouthfeel (1 a5)
Impressão Geral (1 a 10)


Os resultados finais:

1ª Baden Baden 37,7
Erdinger Urkweiss 36,6
Paulaner 36,0
Primátor 35,2
Franziskaner 35,1
Justus 33,5
Licher 33,2
Sepultura 32,8
Colorado 31,2
10ª Austria 29,4
11ª Bamberg 27,9
12ª Dado Bier 27,7
13ª Tucher 27,5


O resultado final supreendeu a muitos de nós, e algumas coisas ficaram patentes, como a qualidade das clássicas Erdinger, Paulaner e Franziskaner. Outra coisa que nos chamou muita atenção, foi a Tucher, cerveja alemã que fica em último lugar. Nada garante que não foi um problema exclusivo da garrafa, mas o resultado foi inesperado. A tão falada Bamberg também desagradou a todos, e também fica-se com esta mesma dúvida. Afinal, acondicionamento e outros fatores podem facilmente influenciar na qualidade, mas é interessante notar que foram tomadas 2 garrafas da Bamberg, que apresentaram as mesmas características. Com exceção da grande campeão, o desempenho das cervejarias nacionais, infelizmente, ficou muito baixo, ocupando a parte inferior da tabela quase inteira.

Para finalizar, parabéns para a Baden Baden, que ficou em primeiro lugar na média dos 4 participantes. E um brinde a todos!




domingo, 25 de julho de 2010

Documentário "Degustação de cervejas de trigo"

Primeiro documentário da Homini Lúpulo, ele mostra os melhores momentos de uma degustação de cervejas de trigo feita durante a brassagem de uma Rauchbier. Foram diversas marcas provadas e no próximo post coloco os resultados.

O bom humor e alegria de beber com os amigos é o principal mote deste vídeo, com poucos comentários bem fundamentados e muita brincadeira. E no final um impagável momento da brassagem. Confiram:


segunda-feira, 12 de julho de 2010

Café na cerveja: o resultado


Como já foi postado anteriormente, na nossa segunda leva de Porter optamos por utilizar café no envase. Após muita espera, vamos ao resultado.


Por ser uma cerveja já naturalmente bem escura, o café não mudou praticamente nada na aparência delas, só mesmo no saber e no aroma. A cerveja sem nenhum café, "P zero", devido ao malte Carafa (torrado) ficou com uma notinha de café, mas algo bem leve. Ficou bem saborosa e com bela apresentação, como podem ver na foto. Ficou bem próxima da nossa primeira Porter, um bom sinal.


Na P1, com pouco café, já se nota um sabor e aroma de café bem presentes, mas com suavidade. É um sabor um pouco diferente do nosso cafezinho tradicional, muito porque o café que utilizamos não foi fervido, o que dá um outro paladar. Percebe-se o sabor e o aroma bem próximo daquele que sentimos quando abrimos o saco com o pó do café, e não o cheiro do café quente e pronto. A cerveja ficou bem interessante, e creio que agrada a todos, até mesmo os que não tem o hábito de beber café.


E por último, uma grata surpresa. A P2 ficou com um gosto bem forte de café, e no primeiro gole tivemos logo a sensação: exageramos. O Eduardo, menos chegado na cafeína, quase fez cara feia logo que provou. O gosto ficou bem marcante e o aroma bem forte, o que já esperávamos. Agora, o que o Eduardo não esperava era a agradável harmonização da P2 com um docinho de chocolate com coco. Simplesmente, o paladar mudou, o adocidado se misturou ao forte café e criou um experiência muito agradável. E aí, o nosso amigo Eduardo voltou a sorrir. A noção do exagero sumiu ao passar dos goles e sensação de estranheza deu lugar ao prazer de uma deliciosa sobremesa.


Para quem pensa em fazer esta experiência, as quantidades utilizadas estão no post anterior. Se está buscando um forte sabor de café, procure algo próximo da nossa P2, mas talvez ela tenha ficado até acima do limite para se tomar pura (recomendada para harmonização e para adoradores de café). Perto da quantidade mínima recomendada por Randy Mosher, na P1 o sabor fica bem presente, mas suave. Agora, a certeza, ainda mais com a utilização de café, é que a combinação com doces para a Porter é sensacional. Foi bem com brigadeiro, coco com chocolate. Ela se torna muito mais preciosa combinando forças.



Em breve, vídeo da primeira parte da degustação de cervejas de trigo.

Até lá

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Teste mais do que cego

Copa do Mundo é época de juntar os amigos e ficar na torcida. E claro que estas reuniões são sempre uma boa desculpa para tomar cervejas, ainda mais em jogo do Brasil. E ainda mais ainda com o Luis Fabiano dando dois chapéus e fazendo o gol. Ainda mais que a qualidade das cervejas levadas pelos amigos está sempre melhorando. As Itaipavas estão sendo esquecidas, Skols tão em baixa. As mais bebidas tem sido Heineken e Therezópolis, com algumas mais “nobres” para intercalar.


Mas vamos ao que interessa. Aproveitando a reunião de muitos fizemos um grande teste cego de cervejas “pilsen” (algumas american light lagers, mas vendidas como tal aqui no Brasil). Escolhemos diversas marcas, das mais comuns nos supermercados brasileiros. Foram escolhidas 13 marcas, e seriam divididas em 2 sessões, e todas seriam degustadas ao mesmo tempo, dispostas numa bandeja com identificação apenas com letras. O teste foi duplo cego, de modo que todos participaram e ninguém sabia o que estava bebendo. No total eram 8 participantes, sendo 4 homens e 4 mulheres. É bom lembrar que uma pessoa cujo nome queremos preservar (Eduardo Melo Pacheco) estava vivendo um grande momento e não acertou uma cerveja sequer. Portanto, o teste foi realizado por 7 pessoas, na prática.


Então vamos ao primeiro round! Foram escolhidas 6 marcas para este confronto, mas certas pessoas, cujo nome por questões éticas não vou dizer (Luiza), bebeu a Antártica sem perceber que fazia parte do teste. Então, fomos com as seguintes marcas:



O resultado da quantidade de pessoas com conseguiu acerta a marca:

Stela Artois 5

Itaipava 3

Sol 2

Brahma 1

Nova Schin


O resultado foi bem decepcionante para a famosa Brahma, que foi colocada entre as piores, senão a pior, por ser muito adocicada. Era também bem mais clara. A Itaipava também se mostrou assim, e ficou em segundo lugar nos acertos justamente por ser mais fraca e doce que a média. Mas, ainda assim, a única que foi bem identificada foi a Stela, que se mostrou mais saborosa que as outras, e por isso se destacou. Foi sem dúvida a melhor da rodada. Pausa para mais comida.



Após mais uma rodada dos maravilhosos espetinhos de lingüiça, picanha e frango, fomos direto para a segunda rodada do teste cego, desta vez com 7 marcas:



O resultado da quantidade de pessoas com conseguiu acerta a marca:

Heineken 7

Crystal 4

Bohemia 4

Devassa 2

Skol 1

Bavária Premium1

Antártica Original


A Heineken de cara mostrou sua força, com todas as pessoas sãs reconhecendo o seu sabor peculiar. Foi barbada dizer que era melhor do grupo. A Bohemia também apresentou um bom resultado, se destacou das demais ambevianas. O destaque negativo foi a Crystal, que realmente era pior que a média, sendo doce e sem graça ao extremo. Mas houve quem confundisse ela com a Skol ou até mesmo com a Bohemia. Ou seja, no fundo essas cervejas estão todas niveladas por baixo, sendo algumas ainda piores que outras, mas sem grandes diferenças. Outra que fez muito feio foi a Antártica Original, que não foi acertada por ninguém, mostrando ser aquilo que muita gente fala: mais marketing que qualidade. Uma das mais caras da rodada, ela foi confundida com quase todas a marcas, o que mostra que a originalidade dela é nenhuma.


Bem, e grande campeã da tarde foi a Thay, com 6 acertos no total! Parabéns, você vai receber o nosso prêmio especial, uma caixa de Crystal bem morninha, das mãos de Lobete, a musa da torcida brasileira.


segunda-feira, 31 de maio de 2010

Café e Cevada

Depois do sucesso da primeira leva de Brown Porter, a produção da segunda leva já teve um espírito mais aventureiro. Além da utilização de mais 200g de malte carafa, optamos por utilizar café. Apesar do próprio malte torrado já conferir um leve paladar e aroma de café, queríamos mais.

Bem, o café poderia ser inserido em vários momentos da produção, desde a fervura do mosto até o envase, cada um com sua particularidade. No mercado, existem diversas marcas que se utilizam da bebida na produção cervejeira. No Brasil temos dois grandes exemplos: a Demoiseille da Colorado e a Stout Café da Mistura Clássica.

Decidimos optar pela comparação, a fim de chegar no resultado ideal. E, por isso, optamos por colocar o café no envase. Desta forma, poderíamos engarrafar uma parte da produção sem café e depois adcioná-lo no restante. Assim podemos medir qual o melhor resultado final. Após isto, partimos para descobrir como e quanto utilizar. Com a ajuda do pessoal do fórum da Acerva Carioca descobri que a proporção, segundo o mestre-cervejeiro Randy Mosher, de café deve ser entre 113-227g por 19L. E ainda mais, o café teria melhor resultado se a infusão fosse a frio e o café fosse preparado sem fervura mesmo.

Foi feito da seguinte forma: coloquei 85g de café arábico orgânico moído na hora com cerca de meio litro de água numa garrafa fechada. Essa garrafa ficou na geladeira por cerca de 24 horas. Para o teste, dividimos da seguinte forma na hora do envase:


50% da leva sem café mesmo.

Em seguida, colocamos 2/3 da quantidade do café sobre os cerca de 9L de cerveja. Envasamos metade apenas.

Aos 25% que sobraram adicionamos os outros 1/3 para chegar próximo do valor máximo estipulado.


Claro, a curiosidade foi enorme e já tiramos uma provinha sem gás mesmo. E confesso que promete. A leva com mais café não chegou a ficar tão forte, e creio que o resultado final vai ser ótimo. Assim que provarmos, em cerca de 2 semanas (está carbonatando na garrafa), postamos aqui os resultados.

domingo, 23 de maio de 2010

Eletrobomba na filtragem e lavagem do mosto

Recentemente, falamos de como montar uma eletrobomba, dos cuidados na compra e nas conexões com as mangueiras e a parte elétrica. Sabendo que a tarefa não é das mais simples, chegou a hora de dar um uso à engenhoca e fazer valer o esforço.

Antes de sair colocando a bomba no processo, é recomendável testar para ver se está tudo funcionando como esperado. Para isso, recomendamos conectar a bomba na panela e encher de água até a boca. Encher só um pouco não é um teste completo, pois a coluna hidrostática pode não ser grande o suficiente para dar a pressão que ocasionaria um vazamento quando a panela estiver cheia de mosto. Feito isso, ligamos a bomba e recirculamos a água para a panela. Se não houver nenhum vazamento, a bomba não desligar por um bom período e a vazão de retorno da água for boa o suficiente, estamos prontos para usar nas nossas brassagens.
Pelo teste sugerido acima, já sabemos qual a primeira utilidade da eletrobomba no processo: filtragem e lavagem do mosto. Os amigos cervejeiros caseiros que utilizam panela com fundo falso para filtragem e lavagem do mosto antes da fervura, sabem como é entediante e penoso ficar enchendo uma vasilha com o mosto e jogando de volta na panela com uma escumadeira. Este processo leva longos minutos e a eletrobomba torna esta etapa mais eficiente e podemos até ir tomando uma cervejinha enquanto a etapa acontece. Na foto acima, vemos como fazer sem a eletrobomba e abaixo o vídeo mostra a mesma etapa com o auxílio da maquininha.



Agora que sabemos como usar, vamos discutir alguns detalhes da utilização para não fazer aquela lambança na cozinha da dona patroa e tudo sair como som de Tim Maia. Primeiro de tudo, a maioria das eletrobombas tem uma posição correta para funcionar. É importante que a bomba esteja na posição exata e apoiada para a recirculação sem acidentes. Outro detalhe é que as eletrobombas não são equipadas com variadores de freqüência para regular a potência do equipamento. Assim, ou a bomba está ligada na máxima ou desligada. Devemos regular a vazão do processo com a válvula da panela.

Uma outra dica um pouco menos óbvia é deixar a bomba sempre um nível um pouco abaixo da panela. As bombas são de potência reduzida e quando as posicionamos um pouco abaixo, o líquido já chega com alguma velocidade, facilitando o trabalho dela. É covardia querer que a bomba funcione como uma booster, qualificação dada na indústria aos equipamentos que tiram os fluidos da “inércia” (definição adaptada e acoxambrada). O efeito é semelhante ao se o pingüim abaixo não estivesse andando: o pedala teria que ser bem mais forte para o mesmo efeito! Ehehehe
Este é um dos usos que damos à eletrobomba no nosso prazeroso processo cervejeiro. Sem dúvidas, é uma das formas de usar na filtragem e lavagem e há outras que podem se adequar mais a outros amigos. Vamos assim melhorando as nossas brassagens e fazendo cervejas cada vez melhores, em menos tempo e maior quantidade!

Apesar de bastante útil, temos um uso que gostamos mais para esta gambiarra. Mais isso fica para outro post. Ficamos por aqui. Um abraço!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Deus visitou minha morada



Quando vem a notícia que um amigo de um cervejeiro vai visitar a Bélgica, é quase como dizer a um sacoleiro que vai ao Paraguai. E o pedido à ele foi bem direto: "traga uma Deus"! Existe toda uma mística sobre esta tal cerveja com uma segunda fermentação feita no método de uma champagne. O custo de uma garrafa no Brasil fica média dos R$200,00, mas lá ela é encontrada na faixa dos 20 a 30 euros. Bem melhor, não?


Após muito sofrimento para voltar da viagem em virtude do vulcão islandês, chegou até aqui, na minha humilde casa, uma Deus Brut des Flandres. A expectativa era bem grande, e para acompanhar merecia algo especial. Assim, preparamos pizzas (com massa caseira, é claro) de dois sabores: marguerita e gorgonzola com pera. Sabores leves, que imaginamos combinar bem com a leve e borbulhante loura belga.
Pronta a pizza e bem gelada a Deus, não perdemos mais tempo. A garrafa, a rolha, é tudo como uma champagne mesmo, não se nota qualquer diferença. Após a explosão na abertura, que logicamente não foi como Fórmula 1, os copos foram servidos e partimos para o brinde:

"A Deus!"



O primeiro gole foi tenso, talvez. Afinal, como seria a tal cerveja? Mas antes disso, vamos à primeira impressão visual. Ao servir o primeiro copo ela quase transbordou, como um espumante deve ser. Com a aparência acontece a mesma coisa, mas com uma exceção: ela não és esverdiada, tem a cor dourada de uma cerveja mesmo, só que borbulhante. Tomado o primeiro gole, temos a certeza de que estamos tomando algo especial, diferente de tudo. Ela é bastante leve e tem um forte sabor frutado. Amargor mesmo não há praticamente nenhum, ela é inclusive uma cerveja bastante adocicada. A combinação com a pizza foi interessante, e ela é uma cerveja que pede um acompanhamento. Ao contrário do champagne, ela pede um acompanhamento, pois chega a ser um pouco enjoativa ao ser tomada sozinha. Após o terceiro copo, confesso que me veio um gosto marcante de licor de anis.


Afinal, como descrever esta bebida? Bem, ela é produzida na Bélgica como uma cerveja mesmo, uma clara ale. Após isto, ela é leva para a França, onde aquela matéria prima (fermentada e maturada) é tratada como uma champagne mesmo. Ela recebe uma nova fermentação na garrafa e mais açúcar para chegar-se a um resultado como este. É um trabalho demorado e cuidadoso, e que a torna tão única. Talvez ela não seja bem uma cerveja, tampouco um espumante. O que será?

Fica aqui um brinde à Bélgica e suas bebidas maravilhosas. E quem puder bebê-la, não perca a chance, é uma experiência que inesquecível.

domingo, 16 de maio de 2010

Montando uma eletrobomba

Voltamos a conversar novamente sobre os equipamentos que usamos para produzir nossas adoradas cervejinhas em casa. Vamos tratar agora de eletrobombas. Muitos de nós, cervejeiros artesanais, não utilizamos este equipamento e conseguimos fazer nossas cervejas. Não há dúvidas de que não é algo essencial como um moinho, mas, depois que começamos utilizar, vemos como tornamos nossas brassagens mais rápidas, menos trabalhosas e mais agradáveis.

As bombas são máquinas utilizadas em praticamente todos os processos industriais que envolvam líquidos. Elas são usadas para dar energia aos processos, movimentando líquidos de um lugar para outro. Tudo é interligado por tubulações por onde circulam o líquido. Dessa descrição, já percebemos que vamos precisar fornecer energia para a bomba funcionar e utilizar um meio para os líquidos circularem. Este meio na indústria são as tubulações e no nosso caso, como veremos a seguir, são mangueiras.




Certo, mas chega de teoria e divagações e vamos introduzir um pouco de prática. Para começar, temos duas fotos da dita cuja aí em cima. Eletrobombas são pequenas bombas utilizadas em eletrodomésticos, como máquinas de lavar roupa. Por isso, elas são alimentadas com energia da rede elétrica o que facilita a nossa missão, pois basta ligar na tomada. Por terem esta dimensão e capacidade pequenas, mas que nos atende, também podemos comprar uma mangueira destas de máquina de lavar, reforçada com malha de aço, e conectar na descarga e sucção destas bombinhas sem maiores problemas.




Mas onde podemos arrumar um troço destes? Há várias formas. Se sua máquina de lavar quebrou, você pode tirar a bomba antes de jogá-la fora e ver se está funcionando. Nas fotos acima, vemos como isto pode ser feito. Você também pode recorrer a uma loja de conserto de eletrodomésticos ou mesmo procurar na internet. A dica é procurar por “eletrobomba emicol”. Emicol é a fabricante destas bombinhas para a maioria dos eletrodomésticos que utilizam uma. Dá para achar por menos de R$ 30,00 e qualquer valor acima de R$ 50,00 é uma extorsão!

Antes de sair comprando, dois cuidados básicos são importantes. Verificar qual a voltagem, 110 ou 220 volts, e qual o diâmetro da sucção (entrada) e descarga (saída) da bomba. A voltagem é um pouco óbvia, pois tem de ser adequada à tomada onde você pretende ligar. Os diâmetros têm de ser verificados, pois depois você pode ter problemas para encontrar mangueiras, braçadeiras, luvas e nipples para conectar a sua bomba. Não podemos esquecer de que a maioria de nossas panelas tem uma válvula de 3/4 ou de 1/2 polegada. Eu mesmo uso uma bomba onde a descarga é de 1 e 1/2 polegada e foi uma luta arrumar uma mangueira reforçada e os nipples e luvas para conectar na válvula de 3/4 das panelas. Abaixo vemos como ficou a conexão, um tanto quanto complicada.


Mesmo que você utilize uma bomba com os mesmos diâmetros da válvula de sua panela, alguns cuidados têm de ser tomados. Não vai ser fácil deixar todas as conexões estanques, sem nenhum vazamento. Provavelmente você vai precisar recorrer a uma loja de ferragens para comprar luvas e nipples redutores para conectar as mangueiras. O ideal é que você leve a bomba para ver se as mangueiras e as braçadeiras encaixam na bomba e na válvula de sua panela. Se não der para desmontar, veja qual o diâmetro da válvula (tem escrito) e informe ao atendente da loja. Informe também o tipo de conexão, em geral é rosqueado e fêmea. Finalmente, na hora de conectar tudo, não se esqueça de usar fita veda rosca e apertar bem as braçadeiras. Se estiver com dificuldades para conectar a mangueira, não entrando por pouco, pode aquecê-la um pouco, pois ela fica mais maleável.

É preciso ligar a eletrobomba na tomada. Esta parte é bem menos penosa. Recomendo usar terminais para ligar os fios. A instalação fica mais limpa e a bomba não fica desligando toda hora porque os fios soltaram. Nas fotos abaixo, dá para ver como fica. Outra dica é usar um “meio de fio” para poder desligar e ligar a bomba sem ter que tirar da tomada. É essencial para poder operar a bomba com mais tranqüilidade.




Perfeito! Depois de toda esta parafernália, está tudo legal, a bomba ligando e conectada à panela sem vazamentos. O que eu faço? De cara, duas aplicações que vão facilitar muito a brassagem, mas isto é assunto para um próximo post, porque este já ficou gigante e temos muito trabalho a fazer!

Um abraço!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Claras e escuras

Nada mais comum do que definir cervejas entre claras e escuras. As claras sendo cervejas mais leves, amargas e fracas alcoolicamente, e as cervejas escuras mais fortes e adocicadas. Mas afinal, esta é uma forma correta de categorizar cervejas? Afinal, o que difere uma da outra?

Para iniciar a desvendar este mistério, vamos entender o que faz uma cerveja ficar escura. Basicamente, existem duas formas de escurece-las, utilizando maltes torrados ou usando caramelos e afins. Grande maioria das cervejas escuras brasileiras são Malzibier, e estas são escurecidas com caramelo. Reza a lenda que as grandes cervejarias só produzem uma cerveja, só que uma parte é "caramelada" e engarrafada como cerveja escura. Evidentemente, o resultado final está longe de ser o ideal, gerando uma cerveja bastante doce.

Já a cerveja escurecida com o malte torrado, como o Carafa, conferem às cervejas um sabor de torrado, muitas vezes com notas de café ou então chocolate. Diversos estilos se enquadram neste perfil, com as Stouts, Bock, Porter entre outras. Logo, aqui cai o primeiro paradigma: cervejas escuras não precisam ser adocidadas. Na foto abaixo, vê se os maltes utilizados na nossa última leva de Porter, com malte de cevada: pílsen, Caraamber,Camunich, Carafa I e III.





Agora, se você está imaginando que a cerveja clara é feita de maltes de cevada claro enquanto os estilos escuram usam apenas maltes escuros, torrados. Mas não é bem assim. A proporção de malte torrado numa cerveja escura é bem pequena. Para se ter uma idéia, nesta última leva de Porter (foto), utilizamos 6kg de malte no total, e destes, apenas 400g eram de malte tipo Carafa. Ou seja, a diferença de matéria prima entre as duas é bem pequena. Este malte faz dá a ela um gosto torrado, mas não é isso que aumenta teor alcoólico. O seu teor será mais alto pela quantidade total de malte utilizado, gerando um mosto mais denso e, assim, com mais açúcar para ser fermentado. Esta não é a única forma de gerar mais álcool, mas nenhuma outra tem qualquer relação com os maltes torrados.





Desta forma, existem cervejas claras leves e outras mais pesadas e alcoólicas (da pilsen à Strong Golden Ale), assim como cervejas escuras, como a diferença entre uma Bock e uma Brown Porter.

A conclusão então é bem clara. A diferença entre uma cerveja clara e uma escura existe, mas ela não assim tão ampla. A grande diferença, mais do que cores, está no estilo, na concentração de maltes e no fermento utilizado. A dica que fica é olhar nos ingredientes utilizados, e apostar mais nos sabores das cervejas escuras que não levam caramelo, e perceber o leve ou forte sabor torrado das melhores escuras. Elas proporcionam diversas harmonizações interessantes e diferenciadas.


Saúde!

sábado, 1 de maio de 2010

É nobre valorizar o vinho, mas somente ele?




Está correndo por toda a comunidade cervejeira e não poderia deixar de registrar aqui. Em sua coluna radiofonica, Renato Machado fala de harmonização. Mostrando arrogância e pouco conhecimento (algo incrível para alguém que deve ter viajado milhões de vezes para a Europa), ele afirma que a harmonização entre cerveja e comida só se dá com a cervejas artesanais belgas. E que o vinho proporciona muito mais possibilidades e coisa e tal. Para ele, parece-me, existem dois tipos de cerveja: as belgas artesanais e as comerciais...


ouçam


Então, os caras que bolaram os rótulos da Eisenbahn devem estar tristes, coitados, por terem perdido tanto tempo inventando que as Rauchbier harmonizam com charutos e carnes defumadas.

E a gente que fez uma Porter, e agora ela não combina mais com chocolate? É, deveríamos ter investido numa artesanal belga...


É uma pena que os "formadores de opinião" soltem essas pérolas e ajudem a reforçar a nobreza do vinho em detrimento da cerveja. Porque os dois não podem ser grandes, valorizados e de alta qualidade? Em breve os mesmo que falam que tal vinho é levemente amadeirado, frutado e coisa e tal vão falar da lupulagem, do tostado dos maltes...


Viva a cultura da boa qualidade, esteja ela onde estiver!

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Concurso Nacional chegando

O Concurso Nacional que vai acontecer em Porto Alegre no início de junho. Com três categorias (Oktoberfest, Brown Porter e Imperial IPA) abertas, optamos pela Porter. Já comentamos sobre ela anteriormente, e tem uma foto que dá água na boca. Aprovada por dois membros da Acerva Mineira (já que o Eduardo Sardinha é pluri-estadual, vive entre SP, RJ e MG) que experimentaram neste fim de semana, ela está pronta para ser enviada. Já estamos inscritos no Concurso, falta só a caixa e plástico bolha!

Optamos por uma Porter bem leve, vamos ver se os juízes gostam... No outro vamos fazer uma nova leva da escurinha, mas desta vez vamos pegar pesado, sem medo de ser feliz. Quem sabe não vai um pó de café moído na hora nela no envase para fechar com chave de ouro?


Torçam pela gente...
abraços

quarta-feira, 21 de abril de 2010

IPA - Uma brassagem histórica

Domingo, final de campeonato carioca, nada melhor do que juntar todo mundo em casa para uma farra. Ainda mais fazendo a brassagem de uma India Pale Ale, e bebendo muitas outras, claro. Assim foi passado o último domingo, correndo da sala para a cozinha. Compareceram vários amigos, namoradas, além do time de cervejeiros.

Escolhemos este estilo depois de 3 levas produzindo Pale Ales, tendo bastante sucesso na última produção. Então, partimos para a irmã mais amarga, a IPA. Optamos por fazer uma receita completamente diferente para ver no que dá.

O dia começou com os procedimentos iniciais: moagem, higienização de panelas. Desta vez contamos com o estagiário Daniel, que ficou com as tarefas mais ingratas, como lavar todas as garrafas para leva anterior que seria envasada. O Daniel é um grande amigo muito querido e sua presença desde o início agilizou bastante, além de nos proporcionar momentos de grande alegria, como na foto abaixo. Reparem a emoção da criança no primeiro contato com o malte! Não é para menos, afinal ele também é um fanático apreciador de cerveja.


Para a produção da IPA, utilizamos:

5,5 kg malte Pilsen
1/2 kg Melanoidina
1/2 kg Carared
1/2 kg Caraamber

Foram 100 minutos a 66 graus e depois a lavagem do mosto. Feito isso, partimos para a fervura durante 90 minutos, desta vez utilizando a técnica de "continuous hopping", ou seja, colocando lúpulo continuamente a cada 5 minutos. Outra experiência foi a salada de tipos de lúpulos, de modo que chegasse a uma média de IBUs entre 50 e 55. Eles foram:

12g Galena a 60" do final da fervura
3g Nugget entre 55" e 35" (a cada 5 minutos)
9g Cascade a 30"
3g Saaz entre 25" e 0"
2g wirlfloc a 5"

Após o resfriamento, tascamos um envelope de fermento S-04, o mesmo usado nas levas anteriores de Pale Ale. Agora, a idéia é fermentar por cerca de 5 a 7 dias e depois maturar ao menos uns 15 dias.

DESAFIO SKOL x WÄLS

Como sempre, a produção não foi feita apenas a base de água. Iniciamos o dia já com uma experiência interessante: comparar uma pilsen artesanal e uma produzida em larga escala. A foto já mostra bem como elas são diferentes. A Wäls Pilsen X é mais escura, mais para uma coloração dourada. Já a desafiante do dia, a brava Skol, fez feio. Sua cor amarela deixou evidente diferença de qualidade. De gosto, enquanto a pilsen é saborosa e com um leve gosto de lúpulo, a american lager se mostrou doce, sem graça e nada de lúpulo. O aroma lupulado ficou marcante na Wäls, e na Skol não tem cheiro de nada.

Depois disso, foram as mais variadas marcas e diferentes estilos. Heinekens, Paulaners, Erdinger e as nossas artesanais entraram na roda. Como sempre, nossa Pale Ale fez sucesso, e a Brown Porter também fez bonito. Está cada vez melhor, claro!


No final do dia, envasamos nossa leva de Hefeweizen com 8g/L no primming. O Guilherme e o Eduardo se encarregaram disto e tudo foi devidamente registrado nas fotos acima. Aliás, o quarto mosqueteiro voltou! Depois de um longo exilo, Guilherme reaparece, mostra a cara Mister M.! Agora, é esperar cerca de 15 dias para nos deliciarmos. A coloração estava linda, já deu água na boca...


Não podíamos deixar de postar uma foto da galera que esteve presente e fez deste dia tão especial. Abaixo, segue a foto com os seguintes meliantes, da esquerda para a direita: Ricardinho (HEXA), Bernardo (botafoguense enrustido com a camisa da Juv), o estagiário do dia Daniel (HEXA), Lobão (Homini Lupus), Eduardo Sardinha (sentado envasando), Thay (patroa do Lobo) e Eduardo Melo (HEXA).

Abaixo, está um vídeo que resume bem o que foi este dia: muita alegria, zoação e cerveja. O Ricardinho quis mostrar que também faz o milagre da cerveja!



Um grande abraço a todos e até a próxima!

Moinho a disco e furadeiras

Este é primeiro post que fazemos especificamente sobre os equipamentos usados para a produção de cervejas artesanais. Nesta seção do blog, vamos conversar sobre moinhos, panelas, fogareiros, fermentadores, válvulas, enfim, tudo aquilo que usamos para transformar malte, água, lúpulo e fermento nas nossas deliciosas crias.

Que tal, então, começar pela moagem do malte? Acordamos logo cedo para começar o ritual. Sacamos nossos caldeirões, enchemos de água e colocamos para esquentar. A água não pode ficar a uma temperatura muito elevada, então temos que moer o malte rapidinho.

Há muitas formas de moer o malte, mas a maioria dos cervejeiros artesanais começa com um moinho a disco. Na foto aí ao lado podemos ver um exemplar. Este é um equipamento muito comum até mesmo nos lares em que não há a alegria cervejeira artesanal, pois é simples, barato e ajustável a propósitos diversos.

Para operá-lo, basta colocar o que se deseja moer na abertura da parte superior e girar a manivela. O produto moído sai por baixo, simples e fácil assim. Isso pode ser suficiente para moer o ingrediente da fabulosa receita da vovó, mas quando o equipamento é utilizado para na moagem do malte, algumas peculiaridades tornam as coisas um pouco mais complicadas.

Antes de mais nada, temos dar a atenção devida à regulagem do moinho. Desta forma, define-se quão próximos os discos dentados estão e, portanto, quão fina será a moagem. É importante regular de maneira que os grãos quebrem, mas não esfarelem. Esta etapa é crítica, pois se erramos aqui, não teremos os açúcares necessários para uma etapa posterior, a fermentação. Além disso, não teremos a densidade esperada para o estilo que desejamos produzir. Mas isto é papo para outro post...

Com o moinho devidamente regulado, começamos a colocar o malte e moer. A quantidade a ser moída pode ser colossal dependendo da quantidade de cerveja a ser produzida e de qual estilo. Ficaríamos horas rodando a maldita manivela, mas a modernidade e a criatividade dos cervejeiros nos dão uma agilidade fenomenal nesta etapa. Vamos então à gambiarra, armeng, improviso…

Se, no lugar de rodar a manivela, tivéssemos um motor de giro rápido e torque suficiente, seria maravilhoso. Não nos cansaríamos tanto e seria MUITO mais rápido. E a grande maioria das casas tem um, graças a Deus (não confunda com a cerva dos milionários)! Uma furadeira resolve a parada, aquela mesmo que usamos para furar a parede e prender os quadros.


Com esta idéia, basta acoplar a furaderia ao moinho e partir para o abraço. Isto pode ser feito com um parafuso com forma de gancho na ponta. A parte da rosca fica presa na furadeira e o gancho no moinho, onde engataríamos a infame manivela. Este “parafuso” que aparece na foto acima é bastante usado nas casas para prender as cordas dos varais nas paredes ou aquela samambaia no quintal. Em breve, a venda em uma casa de ferragens próxima de você.


Se usarmos apenas um parafuso-gancho na furadeira, poderemos ter alguns problemas. Como o gancho tem uma parte aberta, a rotação fica com uma parte em falso. Assim, ocorrem impactos no giro que podem levar a torção do gancho, quebra, além de ficar desencaixando toda hora. Resolvemos isso usando dois ganchos, fechando um círculo completo como pode ser visto nas fotos. Colocamos um de frente para o outro no moinho de forma a fechar o círculo e depois prendemos a furadeira. Fica fácil de moer vários quilos de malte em poucos minutos, e aquela água ainda não passou nem dos 45 graus. Tudo bem fixado, basta colocar a furadeira na tomada e colocar para funcionar. Com um saco na parte inferior do moinho, o malte moído já cai em um recipiente que depois vai para a panela.

Um abraço e até a próxima conversa sobre nossas gambiarras caseiras!

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