sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
Rindo de si mesmo
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Ceia 2010 da ACervA Carioca
Enquanto o Botto terminava sua brassagem de sua pale ale, foi feito o amigo oculto de cervejas caseiras com sorteio na hora e o Mauro Lustosa (foto abaixo) ficou com uma exemplar da Carioca Ale, entregue por mim, Bernardo, muito bem vestido para a ocasião. Por sinal, fui acompanhado no evento do aspirante a cervejeiro e tricolor Igor (vulgo Lobão), que certamente nunca tinha visto tanta cerveja boa em questão de variedade e quantidade mesmo. Ele ficou animado a começar a produzir em 2010, e torcemos para que seja mais um produtor de cerveja caseira em parceria com a gente.
O evento marcou também a posse dos diretores e agora ajudarei a diretoria festiva, que ficou a cargo do José Padilha. Minha participação será dando maior foco na área de comunicação. Que venha um novo ano ainda mais legal para a cerveja artesanal carioca e brasileira!
fotos: Henrik Boden
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Eletrobomba no resfriamento do mosto
Resfriamento do mosto em circuito aberto |
Resfriamento do mosto em circuito fechado com água gelada |
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Resultado da Carioca Ale
E o resultado desta experiência foi uma cerveja leve, com o amargor e sabor do lúpulo (25IBU) equilibrando com dulçor mel. O aroma ficou leve e agradável. A coloração ficou um pouco mais clara do que o desejado, nada que um pouco mais de malte caramelado na próxima leva não resolva.
A carbonatação com cerca de 6,5g/L de açúcar ficou na medida.
Em breve umas fotos desta nova delícia produzida em casa, que só vai melhor a cada dia de guardada.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Reflexão sobre a importância da informação
Certa vez tínhamos ido ao Herr Brauer, e foi o seu primeiro contato com as diversas cervejas que existem fora da redoma Ambev. E, claro, a descoberta foi mais agradável porque à mesa tinham pessoas que entendiam e podiam explicar o que era cada cerveja, qual sua história, o que esperar dela. E ao contar disso para a mãe, a mesma achou uma pena não ter ido apesar de ser uma "bebedora de vinho". Fiquei com isso na cabeça até hoje. Ou seja, beber e entender um pouco mais seria muito interessante, mesmo não sendo uma bebida de sua preferência, mas o passeio por aquela vasta e obscura cultura teria sido muito bom, mesmo ela sendo totalmente leiga sobre o assunto.
Pois então, vou logo ao cerne da questão: afinal, o bar não deveria proporcionar isto ao cliente? Se você vai à Casa da Suíça o maitre te explica como é feito cada molho, cada corte de carne e o que mais se quiser saber. Ele está ali para tornar aquela experiência o mais completa possível, valorizando-a. Quando nós, cervejeiros caseiros, chamamos amigos para beber a nossa cerveja, escolhemos um copo especial, contamos como foi feita, sua história e tudo que vier à cabeça sobre o tema. Queremos fazer da nossa cerveja algo inesquecível para aquela pessoa, afinal, ela é de fato única!
Quando falamos que o público para cervejas especiais está crescendo, é importante também que os lugares estejam dispostos a fazer este público entender e apreciar. Não basta ter uma Urquell no cardápio e servir como se fosse uma Skol e em um copo qualquer. Claro, tratá-la como algo fabuloso não é o caminho, pois afasta as pessoas, mas se ela é especial, merece ser servida com carinho.
O garçon precisa saber o que ele está vendendo, como servir apropriadamente. Ou então, que tenha uma pessoa especializada neste assunto que possa dar uma consultoria básica para os desavisados sobre cerveja. Assim, cada vez mais nossa arte estará sendo tratada bem, e certamente terá novos "devotos", pois a qualidade, o sabor e a experiência única conquistam os mais experientes a cada dia. E aos iniciantes então? Sentar à mesa e beber algo do qual não se conhece e não se entende, e ainda pagar caro por isso não tem muito sentido. Não é a toa que o chope Brahma é o que mais sai, mesmo tendo opções muito melhores. Quando não se tem idéia do que estamos fazendo é melhor nem fazer, logo, acabamos optando pelo conhecido e seguro.
A conclusão seria: uma Urquell bem servida e se sabendo o que está bebendo se torna ainda mais saborosa.
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
III Mini Concurso da ACervA
No último sábado, dia 11 de setembro, aconteceu o III mini Concurso ACervA Carioca, uma grande confraternização dos associados. A festa foi tão animada que começou por volta das 13h e entrou pela madrugada. O principal momento foi o concurso, propriamente, no qual os membros julgavam as cervejas caseiras, tudo organizado pelo Ricardo Rosa. Infelizmente acabamos não participando por estar sem cerveja recentemente pronta, mas eu, Bernardo, estive lá para dar minha árdua contribuição como jurado.
E o mais curioso foi que a primeira cevreja servida na minha mesa, num total de 7, foi posteriormente escolhida a campeã. Parabéns, Mauro, a witbier com coentro estava ótima mesmo. E para o Fernando, que na sua primeira leva já ficou com o terceiro lugar.
Mauro, o grande vencedor!
Resultado final:
1° Witbier (Mauro Nogueira)
2° India Black Ale (Ricardo Rosa)
3° Robust Porter (Fernando Miranda)
4° Rauchbier (Henrik Boden)
5° Pilsen (cerveiga)
6° Golden Ale com mix de frutas vermelhas (Botto)
A qualidade das cervejas estava muito boa, mantendo um alto padrão de notas. Paralelo ao concurso, os amigos levaram diversas de suas levas caseiras, uns em post mix, outro em garrafas. A verdade é quer era cerveja demais e muita vontade de provar todas. Começamos com uma Amerincan Premium Lager, depois a India Black Ale, a Witbier (campeã). Teve uma Wit do Bode com morango, Bock, IPA e tantas que fica até difícil lembrar de todas. Mas uma certeza fica: o pessoal está acertando na mão. E ainda tivemos a palestra com o Lúcio, explicando melhor a todos sobre o grande passo a ACervA Carioca, a Fermentoteca.
Detalhe do arsenal preparado para o evento pela galera.
O evento foi realizado na Casa do John (minha dupla na foto acima), que no dia estava fazendo uma leva de cerveja no método californiano, com extrato de malte. E após isso, ele organizou o beer pong, jogo em que se posicionam 2 copos em cada lado da mesa de ping-pong e a dupla que tiver o copo atingido durante o ponto bebe. Se acertar a bolinha dentro do copo, a dupla bebe todo o copo (o que só aconteceu uma vez num tiro certeiro do John, claro). E nesse ritmo, a farra foi até tarde...
As fotos foram um cortesia do Bode e da Lu.
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
A cerveja e o gás, um caso de amor
É algo tão arraigado ao que imaginamos como cerveja que o gás da cerveja passa despecebido ao se apreciar e valorizar uma boa cerveja. Afinal, não se imagina uma cerveja sem gás, né?
Bem, ela não nasce carbonatada, então os cervejeiros caseiros, antes de engarrafar, podem experimentar uma cerveja sem gás. E realmente ela fica muito mais gostosa e equilibrada gaseificada. Mas como é produzido este gás, no caso, o CO2? Existem basicamente 2 princípos, sendo o primeiro a inserção de CO2 diretamente na cerveja, como é o caso da ampla sorte de marcas industrializadasm, com raríssimas exceções. Desta forma, o CO2 é inserido no momento do envase ou então, quando embarrilhada, a cerveja recebe a pressão na hora de servir. A outra forma é como a gente faz, que é a adição de açúcar durante o envase. Este açúcar se transforma em álcool e CO2. Este açúcar pode ser inserido de diversas forma, como o próprio açúcar puro, açúcar invertido, rapadura, mel e até mesmo o próprio mosto não-fermentado que é riquíssimo em açúcar. A desvantagem deste método de gaseificação natural é que existe sempre a possbilidade de contaminação, por mais ligeira que seja. E este processo também tem um diferencial, pois ele produz uma segunda fermentação na cerveja, alterando-a.
Além dos caseiros, quem se utiliza muito deste princípio são as cervejas feitas com o método champagnoise, como a Deus. Após fermentada e maturada como uma cerveja na Bélgica, ela vai para a França onde recebe uma nova dose de açúcar e fermento (de champagne).
E mais do que isso, cada estilo de cerveja pede uma quantidade de carbonatação. Cervejas ales normalmente são menos carbonatadas que as lagers, enquanto as weizens são bastante carbonatadas (a marca registrada dela é aquele copão com a espuma linda acima do limite do copo). Isso em linhas gerais, pois em cada estilo vamos ter diferentes necessidades.
Explicado isso, vamos entender a importância do gás. Primeiro, ele conserva a bebida, dá uma durabilidade maior. Outro fator importante e muito valorizado é que ele produz a espuma, o famoso colarinho, e eleé muito importante para a qualidade da cerveja.
A espuma ajuda a deixar a cerveja afastada do oxigênio, que oxida deixando um gosto ruim que lembra papelão. Além disso atua como protetor térmico, segurando melhor a temperatura, fator importante em terras brasileiras.
Na parte de degustação, o gás tem grande relevância também. Outro papel dele é liberar com mais facilidade o bouquê da bebida, ou seja, os aromas nela contidos. E ainda mais, ele limpa as papilas gustativas permitindo que se perceba melhor o dos dos alimentos. Aí está uma vantagem em relação à harmozação de vinhos com queijos. Como o gás da cerveja tem essa função, o sabor do queijo será percebido com mais força após cada gole de cerveja, o que não ocorre com o vinho.
Indo mais longe, vale até a pesquisa de que copo favorece determinado estilo de cerveja, e um dos principais parametros para estas escolhas está na relação entre a carbonatação e o estilo da cerveja, com um copo que atenda a estas necessidades.
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Carioca Ale 1.0
Primeira certeza: precisava ser leve, afinal, o Rio é uma cidade muito quente e combina com cervejas de drikability. E o corpo? Bem, a idéia era ter um corpo médio e a cor clara, mas não tanto, pois aqui é o Rio de Janeiro e não a Suécia! Como usaria quase que só malte Pilsen, pensei em usar um dedinho de carafa, só para quebrar a cor. Mas como a idéia era fazer algo mais diferenciado, foi escolhido o mel. Após algum estudo no blog do Bode que tem um post muito bom sobre isso, decidimos utilizar o mel na fermentação, pois queríamos que suas características chegassem bem marcantes até o final, coisa que não acontece se o mel for utilizado na fervura, pois ele perder muito do seu aroma e sabor. E quanto à lupulagem? Bem, optamos por trabalhar perto dos 30 IBU, mas também dando um pouco de aroma e sabor de lúpulo bem leve. Segue a receita da primeira Carioca Ale (20 litros):
6kg malte pílsen
0,50kg malte carahell
25g Nugget 60'
20g Hallertau 20'
5g Saaz 5'
Fermento S-04
400g mel dilúido em água, aplicado no segundo dia de fermentação
Agora ela está em vias de ser trasfegada para a maturação, e a expectativa é grande. Apesar de achar que após provar o resultado da primeira tentativa, alguns ajustes terão de ser feitos, já esperamos uma boa surpresa. A grande questão é quem vai sobressair ou se vão se harmonizar lúpulos, malte e mel.
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
A Igreja da Cerveja?
Randy Mosher, mais do que qualquer coisa, deixou bem claro que nós podemos e devemos difundir esta cultura ao máximo de pessoas possíveis, sendo multiplicadores. todos nós podemos falar sobre os aromas, cores, sabores. Sobre os diferentes ingredientes e as diferenças qualidade. Fazendo uma analogia, seria algo como: "conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (Jo 8.32). E nós, cervejeiros, nos tornariámos os evangelizadores, propagando esta palavra de transformação, unindo diferentes áreas da sociedade e passando conhecimento. Parece um certo exagero esta comparação? Mas por quê não pensarmos assim?
A importância da bebida é multipla. Primeiro, a cerveja foi e é, durante milênios, a base da alimentação de diversos povos, tendo grande marca no Antigo Egito, nas Grandes Navegações e por aí vai. Estar ligado à esta tradição é algo que precisa ser valorizado. Consumida em quantidades moderadas, é um alimento muito rico benéfico para nossa saúde. Há, inclusive, cervejas com baixíssimo ou nenhum teor alcoólico desenvolvida para o consumo de atletas, pois é uma rica fonte de energia. E mais, de acordo com novas pesquisas, o índice glicêmico baixo e as propriedades fitoestrogênicas da cevada e lúpulo, base da produção cervejeira, promovem uma dieta equilibrada e previnem doenças cardiovasculares.
Outro elemento que traz força a esta idéia é o poder socializador que a bebida tem. Afinal, que graça tem tomar uma deliciosa Urquell sozinho? O universo cervejeiro é um mundo de constantes descobertas. Do iniciante ao mais calejado, todos estão sempre conhecendo algo novo, transmitindo alguma experiência diferente, novas harmonizações e estilos. Isto é a prova do valor que a bebida e a comida tem de agregar, ainda mais num período marcado pelo individualismo e por bens de consumo de massa. A interação social e a amizade são tão importantes que chegam a ser benéficos até para a saúde das pessoas, mais do que fazer bem para o humor.
A para completar a Tridade Cervejeira, a infinidade de estilos, adjuntos e possibilidades de fabricação fazem da mistura da água, malte e lúpulo algo tão grandioso e complexo que chega a ser uma experiência quase religiosa provar uma grande cerveja. Defifrar a riqueza de aromas e sabores é um prazer único, uma evolução constante e deliciosa em nossas vidas.
E por que privar as pessoas que estão a redor de nós destas verdades? Elas precisam ser libertas sim das amarras do marketing, do conceito que quanto mais leve e claro é melhor. Temos que nos sentir como no "Mito da Caverna", de Platão, onde todos vivem na escuridão com um pequeno faixo de luz vindo de trás e julgam as sombras produzidas por ele serem a realidade. E só quando se libertam conseguem perceber que as sombras eram geradas por seres como eles mesmo, e que existe uma natureza riquíssima que não imaginavam existir.
Chamemos como quisermos, mas o dever de levar o valor da qualidade para dentro da vida das pessoas que estão à nossa volta está nas nossas mãos. Quando o Randy Mosher falou com grande amor sobre isto, ele nada mais estava do que praticando a sua fé. A fé de que uma grande cerveja proporciona algo superior. Maior que alimentação, a socialização e a descoberta de sabores. Algo extremamente humano, mas com uma pitada de divino.
Amém!
E no próximo post falaremos um pouco da nossa produção da Carioca Ale, uma cerveja clara e lupulada, de baixa fermentação com adição de mel na fermentação. Aguardem.
terça-feira, 10 de agosto de 2010
O dia em que Randy Mosher provou nossa cerveja
Na segunda feira, dia 9 de agosto, aconteceu o encontro da Acerva Carioca com o Randy Mosher, no Bar Petit Paulette, na Tijuca. Este cervejeiro americano é um dos mais renomados, principalmente quando se fala de ousadia na produção. Ele é autor de diversos livros e ontem teve a maior honra de sua vida: provar uma cerveja feita pela Homini Lúpulo. (na foto, Bernardo e Randy, foto tirada por Tatiana Mello Gomes).
Brincadeiras a parte, entre as diversas cervejas caseiras ofertadas ele experimentou e gostou da nossa Índia Pale Ale. Perguntado se havia algum off-flavour, ele disse que a única crítica era que poderia ter carregado mais de lúpulo , principalmente para sabor e aroma. Ou seja, o processo foi perfeito, talvez tenhamos pecado ligeiramente na escolha da matéria prima, mas nada que comprometesse de fato. E isso já era algo percebido anteriormente, pois utilizamos alguns lúpulos mais velhos. Aliás, fica a dica para os iniciantes: evitem usar lúpulos antigos, pois eles perdem algumas propriedades além de gerar alguns odores não desejados na cerveja.
O evento contou com a presença de diversos membros da Acerva Carioca, muitos fizeram questão de levar algo de sua produção para o mestre Randy provar e dar sua avaliação.Destas, eu pude degustar diversos estilos de cervejas caseiras e como o próprio Randy Mosher falou: “hoje eu não provei uma cerveja que não estivesse muito boa”. Havia no barril uma saborosa Red Ale, assim como uma Ale do Ricardo Rosa muito perfumada e interessante. Outra que chamou atenção foi uma Tripel com gengibre e casca de laranja, com um aroma muito peculiar e muito refrescante. E fora isso, foram litros da já conhecida Botto Bier München Hell e ainda uma oatmeal stout da Tatiana para finalizar.
E para completar a orgia gastronômica, havia um queijo maturado por 5 anos delicioso, que era impossível parar de comer, oferecido pela frommagier Monica Pessoa. Fora uma novidade que ela levou: a paçoca de cacau. Fica a imaginação da harmonização dela com uma Porter com Café.
E por falar nisso, a visita foi oferecida por Marcelo Carneiro, da Cervejaria Colorado. Para quem não sabe, a Demoiselle é um primor justamente na combinação de cerveja estilo Porter com infusão de café a frio.
O ponto alto da noite foi a devoção quase religiosa do Randy Mosher pela cerveja caseira. Mas isto é assunto a ser mais aprofundado em um próximo post.
Até lá
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Resultado da Degustação de Cervejas de Trigo
Os melhores momentos da primeira parte da degustação já foram exibidos no post anterior, e agora vocês conferem os resultados. Os critérios foram (em parênteses a escala de pontuação máxima e mínima de cada categoria):
domingo, 25 de julho de 2010
Documentário "Degustação de cervejas de trigo"
Primeiro documentário da Homini Lúpulo, ele mostra os melhores momentos de uma degustação de cervejas de trigo feita durante a brassagem de uma Rauchbier. Foram diversas marcas provadas e no próximo post coloco os resultados.
O bom humor e alegria de beber com os amigos é o principal mote deste vídeo, com poucos comentários bem fundamentados e muita brincadeira. E no final um impagável momento da brassagem. Confiram:
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Café na cerveja: o resultado
Como já foi postado anteriormente, na nossa segunda leva de Porter optamos por utilizar café no envase. Após muita espera, vamos ao resultado.
Por ser uma cerveja já naturalmente bem escura, o café não mudou praticamente nada na aparência delas, só mesmo no saber e no aroma. A cerveja sem nenhum café, "P zero", devido ao malte Carafa (torrado) ficou com uma notinha de café, mas algo bem leve. Ficou bem saborosa e com bela apresentação, como podem ver na foto. Ficou bem próxima da nossa primeira Porter, um bom sinal.
Na P1, com pouco café, já se nota um sabor e aroma de café bem presentes, mas com suavidade. É um sabor um pouco diferente do nosso cafezinho tradicional, muito porque o café que utilizamos não foi fervido, o que dá um outro paladar. Percebe-se o sabor e o aroma bem próximo daquele que sentimos quando abrimos o saco com o pó do café, e não o cheiro do café quente e pronto. A cerveja ficou bem interessante, e creio que agrada a todos, até mesmo os que não tem o hábito de beber café.
E por último, uma grata surpresa. A P2 ficou com um gosto bem forte de café, e no primeiro gole tivemos logo a sensação: exageramos. O Eduardo, menos chegado na cafeína, quase fez cara feia logo que provou. O gosto ficou bem marcante e o aroma bem forte, o que já esperávamos. Agora, o que o Eduardo não esperava era a agradável harmonização da P2 com um docinho de chocolate com coco. Simplesmente, o paladar mudou, o adocidado se misturou ao forte café e criou um experiência muito agradável. E aí, o nosso amigo Eduardo voltou a sorrir. A noção do exagero sumiu ao passar dos goles e sensação de estranheza deu lugar ao prazer de uma deliciosa sobremesa.
Para quem pensa em fazer esta experiência, as quantidades utilizadas estão no post anterior. Se está buscando um forte sabor de café, procure algo próximo da nossa P2, mas talvez ela tenha ficado até acima do limite para se tomar pura (recomendada para harmonização e para adoradores de café). Perto da quantidade mínima recomendada por Randy Mosher, na P1 o sabor fica bem presente, mas suave. Agora, a certeza, ainda mais com a utilização de café, é que a combinação com doces para a Porter é sensacional. Foi bem com brigadeiro, coco com chocolate. Ela se torna muito mais preciosa combinando forças.
Em breve, vídeo da primeira parte da degustação de cervejas de trigo.
Até lá
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Teste mais do que cego
Copa do Mundo é época de juntar os amigos e ficar na torcida. E claro que estas reuniões são sempre uma boa desculpa para tomar cervejas, ainda mais em jogo do Brasil. E ainda mais ainda com o Luis Fabiano dando dois chapéus e fazendo o gol. Ainda mais que a qualidade das cervejas levadas pelos amigos está sempre melhorando. As Itaipavas estão sendo esquecidas, Skols tão
Mas vamos ao que interessa. Aproveitando a reunião de muitos fizemos um grande teste cego de cervejas “pilsen” (algumas american light lagers, mas vendidas como tal aqui no Brasil). Escolhemos diversas marcas, das mais comuns nos supermercados brasileiros. Foram escolhidas 13 marcas, e seriam divididas em 2 sessões, e todas seriam degustadas ao mesmo tempo, dispostas numa bandeja com identificação apenas com letras. O teste foi duplo cego, de modo que todos participaram e ninguém sabia o que estava bebendo. No total eram 8 participantes, sendo 4 homens e 4 mulheres. É bom lembrar que uma pessoa cujo nome queremos preservar (Eduardo Melo Pacheco) estava vivendo um grande momento e não acertou uma cerveja sequer. Portanto, o teste foi realizado por 7 pessoas, na prática.
Então vamos ao primeiro round! Foram escolhidas 6 marcas para este confronto, mas certas pessoas, cujo nome por questões éticas não vou dizer (Luiza), bebeu a Antártica sem perceber que fazia parte do teste. Então, fomos com as seguintes marcas:
O resultado da quantidade de pessoas com conseguiu acerta a marca:
Stela Artois 5
Itaipava 3
Sol 2
Brahma 1
Nova Schin
O resultado foi bem decepcionante para a famosa Brahma, que foi colocada entre as piores, senão a pior, por ser muito adocicada. Era também bem mais clara. A Itaipava também se mostrou assim, e ficou em segundo lugar nos acertos justamente por ser mais fraca e doce que a média. Mas, ainda assim, a única que foi bem identificada foi a Stela, que se mostrou mais saborosa que as outras, e por isso se destacou. Foi sem dúvida a melhor da rodada. Pausa para mais comida.
Após mais uma rodada dos maravilhosos espetinhos de lingüiça, picanha e frango, fomos direto para a segunda rodada do teste cego, desta vez com 7 marcas:
O resultado da quantidade de pessoas com conseguiu acerta a marca:
Heineken 7
Crystal 4
Bohemia 4
Devassa 2
Skol 1
Bavária Premium1
Antártica Original
A Heineken de cara mostrou sua força, com todas as pessoas sãs reconhecendo o seu sabor peculiar. Foi barbada dizer que era melhor do grupo. A Bohemia também apresentou um bom resultado, se destacou das demais ambevianas. O destaque negativo foi a Crystal, que realmente era pior que a média, sendo doce e sem graça ao extremo. Mas houve quem confundisse ela com a Skol ou até mesmo com a Bohemia. Ou seja, no fundo essas cervejas estão todas niveladas por baixo, sendo algumas ainda piores que outras, mas sem grandes diferenças. Outra que fez muito feio foi a Antártica Original, que não foi acertada por ninguém, mostrando ser aquilo que muita gente fala: mais marketing que qualidade. Uma das mais caras da rodada, ela foi confundida com quase todas a marcas, o que mostra que a originalidade dela é nenhuma.
Bem, e grande campeã da tarde foi a Thay, com 6 acertos no total! Parabéns, você vai receber o nosso prêmio especial, uma caixa de Crystal bem morninha, das mãos de Lobete, a musa da torcida brasileira.
segunda-feira, 31 de maio de 2010
Café e Cevada
Bem, o café poderia ser inserido em vários momentos da produção, desde a fervura do mosto até o envase, cada um com sua particularidade. No mercado, existem diversas marcas que se utilizam da bebida na produção cervejeira. No Brasil temos dois grandes exemplos: a Demoiseille da Colorado e a Stout Café da Mistura Clássica.
Decidimos optar pela comparação, a fim de chegar no resultado ideal. E, por isso, optamos por colocar o café no envase. Desta forma, poderíamos engarrafar uma parte da produção sem café e depois adcioná-lo no restante. Assim podemos medir qual o melhor resultado final. Após isto, partimos para descobrir como e quanto utilizar. Com a ajuda do pessoal do fórum da Acerva Carioca descobri que a proporção, segundo o mestre-cervejeiro Randy Mosher, de café deve ser entre 113-227g por 19L. E ainda mais, o café teria melhor resultado se a infusão fosse a frio e o café fosse preparado sem fervura mesmo.
Foi feito da seguinte forma: coloquei 85g de café arábico orgânico moído na hora com cerca de meio litro de água numa garrafa fechada. Essa garrafa ficou na geladeira por cerca de 24 horas. Para o teste, dividimos da seguinte forma na hora do envase:
50% da leva sem café mesmo.
Em seguida, colocamos 2/3 da quantidade do café sobre os cerca de 9L de cerveja. Envasamos metade apenas.
Aos 25% que sobraram adicionamos os outros 1/3 para chegar próximo do valor máximo estipulado.
Claro, a curiosidade foi enorme e já tiramos uma provinha sem gás mesmo. E confesso que promete. A leva com mais café não chegou a ficar tão forte, e creio que o resultado final vai ser ótimo. Assim que provarmos, em cerca de 2 semanas (está carbonatando na garrafa), postamos aqui os resultados.
domingo, 23 de maio de 2010
Eletrobomba na filtragem e lavagem do mosto
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Deus visitou minha morada
Quando vem a notícia que um amigo de um cervejeiro vai visitar a Bélgica, é quase como dizer a um sacoleiro que vai ao Paraguai. E o pedido à ele foi bem direto: "traga uma Deus"! Existe toda uma mística sobre esta tal cerveja com uma segunda fermentação feita no método de uma champagne. O custo de uma garrafa no Brasil fica média dos R$200,00, mas lá ela é encontrada na faixa dos 20 a 30 euros. Bem melhor, não?
Após muito sofrimento para voltar da viagem em virtude do vulcão islandês, chegou até aqui, na minha humilde casa, uma Deus Brut des Flandres. A expectativa era bem grande, e para acompanhar merecia algo especial. Assim, preparamos pizzas (com massa caseira, é claro) de dois sabores: marguerita e gorgonzola com pera. Sabores leves, que imaginamos combinar bem com a leve e borbulhante loura belga.
Pronta a pizza e bem gelada a Deus, não perdemos mais tempo. A garrafa, a rolha, é tudo como uma champagne mesmo, não se nota qualquer diferença. Após a explosão na abertura, que logicamente não foi como Fórmula 1, os copos foram servidos e partimos para o brinde:
"A Deus!"
O primeiro gole foi tenso, talvez. Afinal, como seria a tal cerveja? Mas antes disso, vamos à primeira impressão visual. Ao servir o primeiro copo ela quase transbordou, como um espumante deve ser. Com a aparência acontece a mesma coisa, mas com uma exceção: ela não és esverdiada, tem a cor dourada de uma cerveja mesmo, só que borbulhante. Tomado o primeiro gole, temos a certeza de que estamos tomando algo especial, diferente de tudo. Ela é bastante leve e tem um forte sabor frutado. Amargor mesmo não há praticamente nenhum, ela é inclusive uma cerveja bastante adocicada. A combinação com a pizza foi interessante, e ela é uma cerveja que pede um acompanhamento. Ao contrário do champagne, ela pede um acompanhamento, pois chega a ser um pouco enjoativa ao ser tomada sozinha. Após o terceiro copo, confesso que me veio um gosto marcante de licor de anis.
Afinal, como descrever esta bebida? Bem, ela é produzida na Bélgica como uma cerveja mesmo, uma clara ale. Após isto, ela é leva para a França, onde aquela matéria prima (fermentada e maturada) é tratada como uma champagne mesmo. Ela recebe uma nova fermentação na garrafa e mais açúcar para chegar-se a um resultado como este. É um trabalho demorado e cuidadoso, e que a torna tão única. Talvez ela não seja bem uma cerveja, tampouco um espumante. O que será?
Fica aqui um brinde à Bélgica e suas bebidas maravilhosas. E quem puder bebê-la, não perca a chance, é uma experiência que inesquecível.
domingo, 16 de maio de 2010
Montando uma eletrobomba
Um abraço!
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Claras e escuras
Para iniciar a desvendar este mistério, vamos entender o que faz uma cerveja ficar escura. Basicamente, existem duas formas de escurece-las, utilizando maltes torrados ou usando caramelos e afins. Grande maioria das cervejas escuras brasileiras são Malzibier, e estas são escurecidas com caramelo. Reza a lenda que as grandes cervejarias só produzem uma cerveja, só que uma parte é "caramelada" e engarrafada como cerveja escura. Evidentemente, o resultado final está longe de ser o ideal, gerando uma cerveja bastante doce.
Já a cerveja escurecida com o malte torrado, como o Carafa, conferem às cervejas um sabor de torrado, muitas vezes com notas de café ou então chocolate. Diversos estilos se enquadram neste perfil, com as Stouts, Bock, Porter entre outras. Logo, aqui cai o primeiro paradigma: cervejas escuras não precisam ser adocidadas. Na foto abaixo, vê se os maltes utilizados na nossa última leva de Porter, com malte de cevada: pílsen, Caraamber,Camunich, Carafa I e III.
Agora, se você está imaginando que a cerveja clara é feita de maltes de cevada claro enquanto os estilos escuram usam apenas maltes escuros, torrados. Mas não é bem assim. A proporção de malte torrado numa cerveja escura é bem pequena. Para se ter uma idéia, nesta última leva de Porter (foto), utilizamos 6kg de malte no total, e destes, apenas 400g eram de malte tipo Carafa. Ou seja, a diferença de matéria prima entre as duas é bem pequena. Este malte faz dá a ela um gosto torrado, mas não é isso que aumenta teor alcoólico. O seu teor será mais alto pela quantidade total de malte utilizado, gerando um mosto mais denso e, assim, com mais açúcar para ser fermentado. Esta não é a única forma de gerar mais álcool, mas nenhuma outra tem qualquer relação com os maltes torrados.
Desta forma, existem cervejas claras leves e outras mais pesadas e alcoólicas (da pilsen à Strong Golden Ale), assim como cervejas escuras, como a diferença entre uma Bock e uma Brown Porter.
A conclusão então é bem clara. A diferença entre uma cerveja clara e uma escura existe, mas ela não assim tão ampla. A grande diferença, mais do que cores, está no estilo, na concentração de maltes e no fermento utilizado. A dica que fica é olhar nos ingredientes utilizados, e apostar mais nos sabores das cervejas escuras que não levam caramelo, e perceber o leve ou forte sabor torrado das melhores escuras. Elas proporcionam diversas harmonizações interessantes e diferenciadas.
Saúde!
sábado, 1 de maio de 2010
É nobre valorizar o vinho, mas somente ele?
Está correndo por toda a comunidade cervejeira e não poderia deixar de registrar aqui. Em sua coluna radiofonica, Renato Machado fala de harmonização. Mostrando arrogância e pouco conhecimento (algo incrível para alguém que deve ter viajado milhões de vezes para a Europa), ele afirma que a harmonização entre cerveja e comida só se dá com a cervejas artesanais belgas. E que o vinho proporciona muito mais possibilidades e coisa e tal. Para ele, parece-me, existem dois tipos de cerveja: as belgas artesanais e as comerciais...
ouçam
Então, os caras que bolaram os rótulos da Eisenbahn devem estar tristes, coitados, por terem perdido tanto tempo inventando que as Rauchbier harmonizam com charutos e carnes defumadas.
E a gente que fez uma Porter, e agora ela não combina mais com chocolate? É, deveríamos ter investido numa artesanal belga...
É uma pena que os "formadores de opinião" soltem essas pérolas e ajudem a reforçar a nobreza do vinho em detrimento da cerveja. Porque os dois não podem ser grandes, valorizados e de alta qualidade? Em breve os mesmo que falam que tal vinho é levemente amadeirado, frutado e coisa e tal vão falar da lupulagem, do tostado dos maltes...
Viva a cultura da boa qualidade, esteja ela onde estiver!
quinta-feira, 29 de abril de 2010
Concurso Nacional chegando
Optamos por uma Porter bem leve, vamos ver se os juízes gostam... No outro vamos fazer uma nova leva da escurinha, mas desta vez vamos pegar pesado, sem medo de ser feliz. Quem sabe não vai um pó de café moído na hora nela no envase para fechar com chave de ouro?
Torçam pela gente...
abraços
quarta-feira, 21 de abril de 2010
IPA - Uma brassagem histórica
Para a produção da IPA, utilizamos:
5,5 kg malte Pilsen
1/2 kg Melanoidina
1/2 kg Carared
1/2 kg Caraamber
12g Galena a 60" do final da fervura
3g Nugget entre 55" e 35" (a cada 5 minutos)
9g Cascade a 30"
3g Saaz entre 25" e 0"
2g wirlfloc a 5"
DESAFIO SKOL x WÄLS
Abaixo, está um vídeo que resume bem o que foi este dia: muita alegria, zoação e cerveja. O Ricardinho quis mostrar que também faz o milagre da cerveja!
Um grande abraço a todos e até a próxima!