segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Eletrobomba no resfriamento do mosto

O dia foi longo, o trabalho penoso. Exaustos depois de horas em nossa fábrica caseira de cerveja, chegou a hora crítica de trazer o mosto para a temperatura de fermentação. No melhor cenário, uma ale, precisamos trazer o precioso líquido de 100 ºC para próximo de 25 ºC.

Se não morássemos no Rio de Janeiro e a água da torneira não fosse tão quente, talvez nossa missão não fosse tão complicada. Nas primeiras brassagens, a dor de cabeça era certa. Conseguíamos trazer o mosto para um pouco menos de 30 ºC, mas para baixar disso nem reza forte resolvia. Colocávamos um chiller dentro da cerveja, uma mangueira ligada na torneira passando por dentro de outra panela com gelo e ligávamos a água. A água fazia o circuito e era descartada no tanque. Chegava aos 30 ºC e por ali ficava.

Quando arrumamos outro chiller, pensei que nossos problemas estavam resolvidos. Colocando um chiller na água com gelo e outro dentro do mosto, a troca seria mais eficiente, a água sairia mais gelada para o mosto. De fato, melhorou um pouco, mas não tinha gelo que desse conta e o problema não se resolvia. O gelo derretia rápido demais, antes de o mosto estar em temperatura de fermentação.

Analisando essa situação, tiramos duas conclusões. O gelo trocava calor com o ar e derretia, trazendo o primeiro problema de eficiência energética. Além disso, a água saía da torneira, ia gelada para e cerveja e era descartada “geladinha” no ralo do tanque, outro desperdício.

Para o primeiro problema, a solução era óbvia. No início do resfriamento, não precisávamos de gelo, já que a água da torneira já estava em uma temperatura bem mais baixa do que o mosto depois da fervura. O gelo podia entrar só depois para baixar de 30 ºC para a temperatura de fermentação. Faríamos então em 2 etapas.

Primeiro, o circuito teria água circulando a temperatura ambiente. O desenho abaixo mostra as ligações, feitas com mangueiras representadas em pontilhado laranja. A montagem poderia ser mais simples, mas deixando assim, é mole passar para a segunda etapa.
Resfriamento do mosto em circuito aberto

Na segunda etapa, quando a temperatura do mosto parasse de baixar, era a hora de adicionar o gelo. Neste momento, não poderíamos descartar a água gelada no tanque, senão o gelo derreteria rapidamente. Empregamos então a eletrobomba para fechar o circuito e manter a água próximo de 0 ºC circulando e resfriando o mosto. Considerando o desenho abaixo, basta tirar a mangueira ligada na torneira do tanque e colocar a mangueira que descartava a água no tanque para jogar para a panela com gelo. Abaixo o esquema de como fica a segunda etapa.
Resfriamento do mosto em circuito fechado com água gelada

O resultado é excepcional! Com muito pouco gelo, o mosto vai para próximo de 10 ºC em poucos minutos. Empregando apenas um chiller e uma eletrobomba, ficamos com mais eficiência e menos risco de contaminação. Considerando que esta etapa é no final da brassagem, momento em que estamos cansados, este tempo é muito valioso. Outro benefício, é que não circulamos o mosto, apenas a água, reduzindo o risco de contaminação e facilitando a higienização.

Abaixo 2 vídeos do esquema todo montado nas duas etapas descritas acima. Grande narração do Bernardo Graça no segundo vídeo. Abre teu olho Galvão!



Um abraço e até a próxima!

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