terça-feira, 21 de setembro de 2010

Reflexão sobre a importância da informação

Domingo, vários amigos se juntaram para beber. E, claro, procuramos um lugar onde pudéssemos encontrar boa cerveja a um preço razoável e acabamos sempre na mesma opção: Boteco Colarinho (todos moram nos arredores do Flamengo). Vários chopes de qualidade, comida gostosa. Até aí, tudo bem. Mas foi quando o comentário de uma amiga pouco conhecedora de cervejas me chamou atenção. então, vamos à história completa do início.

Certa vez tínhamos ido ao Herr Brauer, e foi o seu primeiro contato com as diversas cervejas que existem fora da redoma Ambev. E, claro, a descoberta foi mais agradável porque à mesa tinham pessoas que entendiam e podiam explicar o que era cada cerveja, qual sua história, o que esperar dela. E ao contar disso para a mãe, a mesma achou uma pena não ter ido apesar de ser uma "bebedora de vinho". Fiquei com isso na cabeça até hoje. Ou seja, beber e entender um pouco mais seria muito interessante, mesmo não sendo uma bebida de sua preferência, mas o passeio por aquela vasta e obscura cultura teria sido muito bom, mesmo ela sendo totalmente leiga sobre o assunto.

Pois então, vou logo ao cerne da questão: afinal, o bar não deveria proporcionar isto ao cliente? Se você vai à Casa da Suíça o maitre te explica como é feito cada molho, cada corte de carne e o que mais se quiser saber. Ele está ali para tornar aquela experiência o mais completa possível, valorizando-a. Quando nós, cervejeiros caseiros, chamamos amigos para beber a nossa cerveja, escolhemos um copo especial, contamos como foi feita, sua história e tudo que vier à cabeça sobre o tema. Queremos fazer da nossa cerveja algo inesquecível para aquela pessoa, afinal, ela é de fato única!

Quando falamos que o público para cervejas especiais está crescendo, é importante também que os lugares estejam dispostos a fazer este público entender e apreciar. Não basta ter uma Urquell no cardápio e servir como se fosse uma Skol e em um copo qualquer. Claro, tratá-la como algo fabuloso não é o caminho, pois afasta as pessoas, mas se ela é especial, merece ser servida com carinho.

O garçon precisa saber o que ele está vendendo, como servir apropriadamente. Ou então, que tenha uma pessoa especializada neste assunto que possa dar uma consultoria básica para os desavisados sobre cerveja. Assim, cada vez mais nossa arte estará sendo tratada bem, e certamente terá novos "devotos", pois a qualidade, o sabor e a experiência única conquistam os mais experientes a cada dia. E aos iniciantes então? Sentar à mesa e beber algo do qual não se conhece e não se entende, e ainda pagar caro por isso não tem muito sentido. Não é a toa que o chope Brahma é o que mais sai, mesmo tendo opções muito melhores. Quando não se tem idéia do que estamos fazendo é melhor nem fazer, logo, acabamos optando pelo conhecido e seguro.

A conclusão seria: uma Urquell bem servida e se sabendo o que está bebendo se torna ainda mais saborosa.

3 comentários:

  1. Excelente post Bernardo.
    No Rio acho que o Beertaste e o Herr Brauer são nota 10 no assunto servir as cervejas.
    A propósta do Colarinho é muito boa, mas infelizmente os garçons ainda não sabem explicar os tipos de Chopps servidos na casa e, o tirador de chopp, de vez em qdo confunde-se e tira errado o chopp pedido.

    Abs,
    Marcelo Menndes

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  2. Um bar onde eu fiquei surpreso com o conhecimento de quem serve a cerveja eh o Gibeer, no Jardim Botanico. E tenho certeza de que vale a pena para o dono, porque o cliente se sente mais seguro em pagar pela cerveja mais cara quando ele sabe que eh algo especial.

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  3. Sou sempre grata aos posts do Bernardo e todo o blog!!

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